Metrô para o Aeroporto de Kastrup, Copenhague – 5h30
Quando Eva seguiu para o aeroporto, não sabia os voos que havia para Roma; não
tinha como checar sem entrar na internet. Pensou na ocasião em que jogou moedas
na Fontana di Trevi e depois quis voltar para o carro porque precisava de mais
moedas para jogar na água da fonte. Tinha cinco anos na época. Queria ter certeza
de que voltariam a Roma. E então se perdeu. Ficou vagando pelas ruas de Roma
durante horas, até se cansar. Aí, começou a chorar. Chamaram a polícia; ainda se
lembrava um pouco daquilo. Sem dúvida, parte das recordações que tinha do
episódio eram coisas que o pai contou quando Eva já era adulta. A mãe não
conseguia falar daquilo. E Eva, apesar das moedas jogadas na fonte, não tinha
voltado a Roma. Não até agora, quando o fazia por ordem de Lagerkvist. Siga a
pista, não deixe de procurar nem que “precise telefonar para todos os sujeitos de um
mesmo sobrenome, ainda que seja o sobrenome mais comum que há”. Ou viajar
para Roma, a cidade onde tinha se perdido. No entanto, havia uma coisa de que se
lembrava, sim. O abrigo de menores para onde a polícia a tinha levado. Onde
passara uma noite inteira esperando os pais. Ninguém lá sabia dinamarquês.
Recebeu muitos cuidados e foi muito consolada; mãos – mãos quentes em suas
faces. Já era outro dia quando a polícia italiana, os pais e a embaixada dinamarquesa
juntaram enfim os pontos. E então muita coisa aconteceu. Muita coisa se frustrou.
Muita coisa se despedaçou para sempre.
- Pois não?