recusava uns tragos; tragos que decantariam como uma película ao redor de seu
coração de pedra. É, aquele era o lugar certo. Ali encontraria uma casa onde morar.
Entrou no primeiro comércio que viu, uma farmácia, e perguntou pelo Villa Maria.
- Due minuti – garantiu o farmacêutico, que então apontou para um beco.
- Grazie.
Não havia muita coisa ali, constatou Eva quando saiu da farmácia. Só a poeirenta
rua, que subia serpenteando pelo morro, e o beco sem saída. Deu no Villa Maria.
Era rosa, como nas fotos, só que mais bonito, mais romântico, um lugar construído
para a noite de núpcias de alguém, não a de Eva – que, mesmo assim, entrou na
recepção.
Estava deserta, mas limpa, com flores frescas em dois jarros, colocados um de cada
lado do espelho. No restaurante, viu duas mulheres, que dispunham os talheres nas
poucas mesas que havia. - Excuse me.
As duas ergueram os olhos. A mais nova com um sorriso, a mais velha não. - English? – perguntou Eva.
- Yes, of course – disse a mais nova.
Como explicaria? Pensou no jornalista moribundo. No que ele teria feito. Não
adiantou nada. - Can we help you?
Eva começou, em inglês, lentamente. - Estou aqui porque alguém matou um homem na Dinamarca. Dead.
Understand? - No.
A mais moça olhou para a outra. - Mataram um homem na Dinamarca – tornou a explicar Eva. – A última coisa
que ele fez antes de morrer foi telefonar para este hotel.
A moça traduziu. A mais velha fez que não e deu de ombros ao mesmo tempo –