beijos de Claudia.
- Você está prestando atenção? – perguntou Claudia. – Porque vou ter o maior
prazer em terminar de esclarecer. Na França, uma parte da Casa de Bourbon foi à
Justiça para definir quem é o herdeiro legítimo. Luís XX é tratado por Majestade
Real, os filhos dele recebem a bênção pessoal do papa, o monarquismo não para de
crescer entre os franceses. Faz pouco tempo, o herdeiro do trono alemão, o príncipe
Jorge Federico, disse à Vanity Fair que o povo deveria pensar em restaurar a
monarquia, e que ele, Jorge, estava convencido de que acabariam fazendo isso
mesmo. É casado com uma princesa de lá, os dois são de famílias riquíssimas, e os
antepassados deles remontam a tão lá atrás na estrutura de poder da Europa que
você chega quase a se convencer de que essa gente tem mesmo direito de governar o
mundo. - Você também acha isso?
Claudia não deu atenção à pergunta e foi em frente. - Se você desse uma olhadela no pessoal que vai a esses casamentos da realeza,
ficaria de queixo caído. Estou falando de reis destronados, de herdeiros de Portugal,
do Império Austro-Húngaro, da Albânia, daquela grã-duquesa russa, de condes e
barões de todos os Estados do antigo Império Alemão. De gente que, em seus
respectivos países, já foi posta no olho da rua faz tempo. E preste atenção aos cargos
que todos eles ocupam hoje. São figuras decorativas na gestão da União Europeia,
no setor bancário, no Banco Mundial, no FMI. Têm cargos em diferentes
ministérios dos países onde moram. E qual é o único emprego de que nunca
querem saber? - Não sei. Qual?
- Vamos, tire sua conclusão. Você não sabe?
- Não.
- A política. E por quê?
- Porque seria a mesma coisa que aceitar a democracia?