Os últimos turistas estavam saindo do Fórum.
- A democracia exige muito das pessoas – disse Lagerkvist.
- Elas se cansam e começam a querer que algum tirano venha e resolva os
problemas – disse Eva. - Se não tomam cuidado, sim. E é onde a gente entra. A informação. A verdade.
Sempre. - Sempre – repetiu Eva, e ficou procurando o que dizer, mesmo que fosse apenas
uma palavra.
Lagerkvist se adiantou, pigarreou e perguntou: - Você se lembra do que eu disse da última vez?
- Você disse muita coisa – respondeu Eva, e olhou para o sol, que estava sumindo
no Coliseu. - Eu disse que estava esperando alguém antes de morrer.
- É, disse.
- Esse alguém chegou.
Silêncio. Uma consideração continental, porque foi do sul para o norte e vice-
versa. Só a respiração pesada de Lagerkvist, o fôlego da Europa no ouvido de Eva.