continuar. Você faz ideia do número de empregados que têm os palácios? Como eu
já disse, a família não sabe fazer nada sozinha. Estamos falando de umas duzentas
pessoas para fazer as coisas por eles. Motoristas, pessoal de cozinha, secretários
particulares, babás, camareiras, estilistas, cabeleireiros, contadores, jardineiros,
seguranças, faxineiros etc., etc. Há sempre alguém olhando o que a família faz.
Qualquer briguinha é ouvida. A gente testemunha os problemas entre eles, a inveja,
as ciumeiras, os rolos amorosos, tudo. Mas só uma parte infinitesimal disso vem
para fora dos muros da corte. O mais das vezes, vem como boato. E boato é fácil de
rebater como fofocas maldosas. Melhor ainda: dá para nem fazer caso, tratar com
indiferença. Durante anos, esta última tem sido a melhor defesa da Casa Real. Ficar
indiferente, dar de ombros para tudo. As histórias de excessos, abuso de poder,
drogas, alcoolismo. Tudo isso é descartado como se não existisse. Não queremos
ouvir nada de negativo sobre a Casa Real. Ela nos custa os olhos da cara; por isso,
esperamos que faça o favor de adoçar as nossas vidas chatíssimas com um pouco de
esplendor e de glamour. – Bebeu o resto do xerez que estava no cálice e voltou a se
servir. Inspirou fundo mais algumas vezes, como se o longo discurso a tivesse
deixado sem fôlego.
- E esse Taffelsalen?
- É um Salão de Banquetes menor, no mezanino. Foi Moltke quem pediu ao
arquiteto francês Nicolas-Henri Jardin que decorasse o Taffelsalen. Você pode ver
aqui. – Rigmor, agora com os olhos brilhando, apontou para as fotos.
A mulher era assim, pensou Eva. Ora extasiada com alguma história ou coisa
digna de Disney, ora furiosa, cheia de ódio. - O salão vai de uma ponta à outra do palácio, e em cada extremo há uma pia de
mármore em forma de concha. O príncipe Charles já comeu várias vezes no
Taffelsalen. - Então vamos imaginar o seguinte – disse Eva. – Está acontecendo uma festa no
Palácio Moltke. Ou simplesmente um jantar. É nesse Salão Rosa. O Malte e a mãe