ombro, entrou, fechou-a com muito cuidado. E agora, de súbito, estava onde tudo
tinha acontecido, no Taffelsalen, o salão em que os serviçais tinham presenciado
uma discussão. Receberam ordem de ir embora. De sair do palácio. Oito horas
depois, Christian Brix estava morto no parque de caça.
Aquilo não se adaptava bem à mão de Eva. A impressão 3D do crânio era angulosa
e tinha bordas afiadas. Mas não pesava nada; era como carregar uma casca de ovo
grande. O Taffelsalen era menor que o Salão dos Cavaleiros. As janelas davam para
o outro lado do edifício, e a luz só entrava esporadicamente. Restavam dez minutos,
se tanto; não dispunha de mais tempo. Dez minutos em que a porta poderia abrir-
se a qualquer momento. Dez minutos para tentar identificar a arma ou o objeto que
tinha matado Brix. Isso se tal objeto estivesse mesmo no salão. Talvez fosse algum
tipo de arma contundente, que levaram embora logo depois do crime. Não,
precisava fiar-se no que o legista tinha dito – que Brix caiu em cima de alguma
coisa. Avançou ao longo de uma parede. Não havia nenhuma arma exposta,
nenhuma armadura com maça ou coisa parecida nas mãos. Um canto de mesa? Era
possível que alguém tivesse empurrado Brix e ele tivesse caído e batido a cabeça
numa quina? Não; se tivesse sido assim, haveria uma única marca no crânio, não
três. Os rodapés? Eva se pôs de quatro no escuro e tateaou tentando achar uma
quina, uma borda, uma ponta, alguma coisa em que se encaixassem as três fraturas
no crânio. A cadeira ali no canto? Eva se levantou e se aproximou. Prestou atenção
- estava vindo alguém? Bem, não tinha sido a cadeira o que matou Brix, muito
embora esta tivesse as pernas finamente talhadas com desenhos sinuosos,
possivelmente de marfim, que talvez tivessem causado as fraturas; mas as marcas do
modelo 3D não se encaixavam em parte alguma do móvel. Os armários da parede
oposta? O canto inferior de um deles? Não, impossível; ao cair, não havia como
bater a cabeça naquele ângulo; Brix precisaria ter desabado de cabeça para baixo. De