pessoas do que atear fogo ao refúgio delas? Um truque que tinha sido usado em
todas as épocas, em todas as guerras, por vikings, cavaleiros medievais, índios,
soldados modernos. Todo mundo conhecia o método: é só botar fogo na toca que a
gente vê como eles saem. Let’s smoke ’em out. Eva deu meia-volta e correu na direção
contrária, para dentro do abrigo de mulheres que estaria em chamas.
Não sabia para onde exatamente ir, mas optou por subir. Apenas subir. Assim, a
fumaça demoraria mais para alcançá-la, talvez o bastante para que tivessem tempo
de apagar o fogo. E, principalmente, Eva evitaria cair na arapuca que tinham
armado; evitaria sair correndo para o escuro e cair nas mãos do inimigo. No
entanto, a escuridão dificultava, e a fumaça era cada vez mais densa, mais negra. Os
olhos e o nariz ardiam, os pulmões doíam. Ao se aproximar do elevador, notou no
poço da escada um cheiro desagradável de produtos químicos. Quando passou
correndo mais adiante, viu o clarão. Não era bomba de fumaça nenhuma. Eram
chamas.
Conseguir sair para a escada. Subiu correndo. Cada passo era um suplício. Viu
uma silhueta adiante; era uma moça confusa, assustada. Tinha se enrolado num
cobertor molhado. Agarrou-se a Eva.
- You have to get out of here! – gritou Eva. – Fire, fire!
A mulher se apressou a descer a escada. Eva não demorou a chegar de novo ao
terceiro andar. Parou. Suas pernas tremiam. Permitiu-se um segundo de descanso.
Havia menos fumaça ali em cima, mas o lugar continuava às escuras, e a fumaça
acabaria chegando. Ficou de boca aberta, resfolegando. - Calma – sussurrou para si mesma. – Calma.
Tratou de pensar como eles. O que estavam esperando que ela fizesse? Que saísse
com as outras? Ele ou eles estavam lá fora, entre as pessoas, aproveitando-se do
escuro e da confusão. Entre os bombeiros, ajudantes, vizinhos e funcionários do
centro – pessoas que não se conheciam, que não estavam se enxergando –, lá estaria
ele. Ou lá estariam eles. Procurando-a. De faca na mão? Talvez, ou de arma de fogo.