uma vez só. No dia seguinte, falaria com a psicóloga. Contaria que precisava das
fantasias, ainda que elas pertencessem ao passado. Continuou zapeando e acabou
na TV2 News. Soltou o controle remoto para poder dispor das duas mãos. Não
queria fantasiar com a primeira vez em que ficaram juntos, porque ambos estavam
bêbados demais para que aquilo fosse digno de recordação. Entretanto, na manhã
seguinte, quando acordaram no apartamento dele, quando notou a mão de Martin
em seu ventre... Ele subiu com a mão, tocou seu seio com delicadeza. Com o
polegar e o indicador, espremeu o mamilo alguns segundos. Depois o soltou e
continuou a explorar o corpo de Eva. “Vire-se”, ordenou. Ela se surpreendeu com o
fato de Martin ter dito aquilo. Nada de “Bom dia”, nem de “Obrigado por ontem”.
Mesmo assim, obedeceu. É, obedeceu. As mãos dele tinham explorado suas costas,
cada centímetro delas, mais a nuca, e viajado por suas curvas, e feito cócegas sem
que Eva se movesse. Depois as mãos de Martin encontraram seu traseiro, o arco das
nádegas, deslizaram pelas coxas, voltaram a subir. “Abra as pernas”, ele sussurrou.
“OK”, ela respondeu, e separou ligeiramente as pernas. “Mais”, ele disse. Ela
obedeceu.
Agora já não a tocava. Estava lá, deitada de bruços, com as pernas abertas para
aquele desconhecido tão perito que Eva tinha visto pela primeira vez oito horas
antes.
“Abra o mais que puder”, sussurrou Martin.
Assim tinham sido suas preliminares fazia três anos, quando tudo ia bem. Depois
Martin tinha deitado em cima dela, e o resto foi menos imaginativo, mais conforme
o manual. No entanto, agora Eva nunca chegava tão longe nas fantasias. Satisfazia-
se com a lembrança das mãos dele, as poucas palavras que Martin lhe tinha dito ao
ouvido. Ainda estava de bruços, sozinha, com as notícias da TV2, que viviam vida
própria, relegadas a segundo plano.
- Back to the future – disse Eva, que então abriu os olhos e olhou para a tela.
Era aquele o aspecto que tinha o futuro, pensou – ambulâncias e polícia numa