A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

círculos, como se estivesse esperando que alguém se aproximasse para se balançar
com ele. “É agora ou nunca”, pensou Eva, e atravessou o parquinho.



  • Você tem um minuto?
    Eva se voltou. Kamilla estava atrás dela.

  • Tenho até dois, mas é só – respondeu, olhando para Malte, que no mesmo
    instante olhou também para ela.

  • É que eu gostaria de conversar com você.

  • Agora? Não sei...

  • Vai ser rápido. Vamos sentar ali no sol? – perguntou Kamilla, e fez algo muito
    surpreendente: pegou-a pela mão. O primeiro impulso de Eva foi afastá-la, mas não
    se atreveu a isso. Talvez fosse o que se costumava fazer em creches, tanto com os
    pequenos quanto com os adultos – segurarem-se pela mão, andarem assim. Kamilla
    a soltou quando sentaram no banco, pegado à parede sul. Inclinou-se para a frente e
    encarou Eva.

  • O que vou contar agora é uma coisa que os outros professores da creche não
    sabem, só os do grupo dos menorzinhos.

  • Kamilla, sou ajudante de cozinha, nada mais. Estou no programa de reinserção
    no mercado de trabalho.

  • Você estudou jornalismo.

  • Faz muitos anos.

  • Você fala como se já tivesse setenta. Eu gostaria que você me desse uma opinião
    profissional sobre o que quero contar.

  • Você está falando...?

  • É, Eva – disse Kamilla, interrompendo-a. – Estou falando do sigilo.
    Eva tomou fôlego. Malte continuava sentado lá, sozinho.
    Kamilla mandou ver:

  • Escute só. Na semana passada, o grupo dos menorzinhos foi em excursão à
    floresta. No caminho de volta para a creche, os professores perceberam que tinham

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