mesma, e se levantou. Aproximou-se devagar, na esperança de captar nem que
fossem umas poucas palavras; mas o alvoroço generalizado abafava as vozes.
Observou a mulher. Prendia o cabelo loiro numa trança apertada, que chegava até o
meio das costas. A pele, delicada e branca, com um pouco de maquiagem nas maçãs
do rosto, fez Eva pensar em porcelana. Onde a tinha visto antes? Na faculdade de
jornalismo? Usava roupas caras, de grife. Eva não conseguiu determinar a marca da
túnica de seda vermelha, mas estava claro que não era nada barata. Mais elegantes,
porém, eram seus movimentos. Mesmo com o semblante alterado e evidentes
mostras de ter chorado, havia uma arrogância sutil na maneira como levantou o
menino do chão; no movimento com que pousou a mão no ombro de Torben e a
deixou por um instante; e, sobretudo, na forma de andar quando, pouco depois,
saiu da creche levando o filho pela mão.
Uma menina ruiva puxou Eva pela mão.
- Por que o Malte teve que ir pra casa?
- Não sei – respondeu Eva.
- Ele tá doente?
- Talvez.
Mie se aproximou de Eva. A curiosidade fazia seus olhos brilharem ao observar
Torben, que estava conversando com Anna. Mie comentou: - Você viu que a mãe do Malte andou chorando? O que será que está
acontecendo? - É o que eu gostaria de saber – disse Eva.
- Será que tem alguma coisa a ver com o Malte?
Eva deu de ombros enquanto observava Torben e Anna, que tinham se afastado
um pouco. - Deve ter acontecido alguma coisa – disse Mie. – Se não tivesse, eles não... Bem,
vamos saber logo, logo.
Anna se aproximou das duas. Provavelmente queria falar só com Mie, mas Eva