Guia do Novo Homnem do Século XXI - Edição 01 (2019-08)

(Antfer) #1

(^30) http://www.revistaonline.com.br
Apesar de fazer parte da gera-
ção de homens que já cresceu
conhecendo essa nova cultura de
consumo, Freitas conta que ele
mesmo dá uma atenção especial
apenas para o cabelo. Do uso de
pomadas modeladoras à busca de
referências de novos cortes em
sites especializados, demonstra
se importar com a própria beleza,
mas, em suas próprias palavras,
sem grandes compromissos.
Segundo a socióloga Neide
Campos, os homens descritos
acima representam grande
parcela daqueles que sabem
do novo comportamente mas-
culino, aceitam tal fato de forma
positiva, mas, por algum conflito
interior, não expõem a necessida-
de que sentem de cuidar de sua
imagem e aparência. “Eles não
se encaixam em nenhum padrão
de metrossexualismo, lumber ou
qualquer outra nova nomencla-
tura que surja”. Metrossexual,
ela explica, surgiu de “homem
das metrópoles”, um homem
com um olhar diferenciado para
a própria imagem. “É o que todo
homem contemporâneo que
interage com a sociedade atual
sente. É o homem que percebeu,
no comportamento feminino, o
empoderamento que os cosmé-
ticos deram para a mulher”.
O poder da beleza tem im-
pacto. O fato é lembrado por
João Batista, barbeiro há mais
de 30 anos. “Percebo que a ge-
ração mais nova, de homens de
30 anos para baixo, chega a ser
igual às mulheres. Fazem pé,
mão, sobrancelha, depilam... Isso
já é uma prática normal, além de
todos os cuidados com o cabelo
e com a barba.” Ele garante que,
diariamente, homens e mulhe-
res, quando saem de seu salão,
sentem-se mais confiantes. E
o que acha disso? “Acho ótimo,
homens e mulheres têm que se
cuidar mesmo. Mulher se cuida
e por que o homem também não
pode se cuidar?”
Entre os anos de 2012 e 2014,
aumentou em 70% o consumo
de produtos de beleza no uni-
verso masculino. Só o mercado
de skincare, no mesmo período,
movimentou mais de 3,3 bilhões
de dólares. Uma das maiores
fatias deste bolo está no Bra-
sil: somos os terceiros maiores
consumidores de produtos de
beleza, higiene e cosméticos,
perdendo apenas para os EUA
e para o Japão. E, tratando-se
de cosméticos exclusivamente
masculinos, os brasileiros só
perdem mesmo para os america-
nos. Dados nacionais, indo além
das prateleiras, mostram que o
mercado de beleza brasileiro, de
modo geral, é de se admirar: um
levantamento feito pelo Sebrae
aponta que, mensalmente, mais
de 7 mil novos salões de beleza
são abertos no país.
Sim, mesmo em tempos de
crise econômica, altos índices
de desemprego e uma série de
outros problemas que o país
enfrenta, o mercado de beleza
não para de crescer. Para o ges-
tor de franquias da Aneethun,
marca de produtos de cabelo
voltada para profissionais, a
razão é muito clara: as pessoas
adiam planos, sonhos e até cor-
tam alguns gastos, como a ida
a restaurantes, mas continu-
am cuidando da aparência. “É
importante para a autoestima,
para o cuidado pessoal e para o
bem-estar”, garante.
BELEZA
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