Você SA - Edição 255 (2019-08)

(Antfer) #1

Uberização e Gig Economy
Além do contexto econômico, o
avanço da tecnologia também é um
dos responsáveis pelo aumento dos
informais. E a tendência de contra-
tação de freelancers por plataformas
digitais, como Uber, Ifood e Rappi,
ganhou até um nome: Gig Economy,
ou economia dos bicos. No Brasil,
estima-se que 5,5 milhões de pessoas
trabalhem para esses aplicativos de
serviços. Se elas fossem reunidas em
uma mesma folha de pagamentos, em
conjunto, o algoritmo seria o maior
empregador do país. “Com o aumento
do desemprego, essas ferramentas
tornaram-se uma das maneiras que
as pessoas encontraram para a cria-
ção de renda”, diz o economista Thia-
go Xavier, da Tendências Consultoria.
A estudante de farmácia Renata
Meira, de 39 anos, é um desses tra-
balhadores. Há três meses, a pau-
lista largou o emprego fixo em uma
agência de aluguel de automóveis
para trabalhar como motorista de
aplicativos de transporte, como 99
e Lady Driver. Seu objetivo era ter
mais flexibilidade. “Como optei por
me demitir, estou feliz em ter liber-
dade”, afirma. Para conseguir obter
a mesma renda que possuía com o
antigo emprego, cerca de 2 500 reais
mensais, Renata afirma trabalhar
10 horas por dia. Embora tenha lar-
gado o emprego fixo por vontade
própria, a profissional reconhece os
desafios, principalmente o assédio
ao qual está sujeita sendo mulher e
trabalhando nas ruas. Tanto é que
a escolha pelo Lady Driver, plata-
forma de transporte exclusiva para
mulheres, não foi à toa. “Sinto-me
muito mais segura com essa opção”,
diz Renata. Contudo, como atua com
outras empresas, que atendem pú-
blico misto, a profissional teve de
recorrer a recursos próprios para
se prevenir. “Tenho um grupo no
WhatsApp com outras mulheres,
no qual trocamos experiências,


Renata Meira,
motorista de
aplicativo: largou
emprego CLT
para ter mais
flexibilidade
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