Leitura & Conhecimento - Ano 2 Número 05 (2019-07)

(Antfer) #1

melanie klein


consultoria Claudia Brazil, psicanalista
clínica e coordenadora do Instituto Amas de
Psicanálise e Terapias, em Fortaleza (CE).
fonte Dicionário de Psicanálise, livro
de Elisabeth Roudinesco e Michel Plon,
publicado pela editora Zahar em 1998.

teXto e entrevista éRIkA AlFARo
DesiGn AnA PAulA MAlDonADo

novo olhar


psicanalítico


uma das


mulheres de


maior destaque


no campo


de estudos


da mente,


a austríaca


desenvolveu


conceitos


marcantes


sobre o


inconsciente


infantil


“M

elanie Klein foi o principal expoente do pensamento da
segunda geração psicanalítica mundial. Deu origem a uma
das grandes correntes do freudismo, o kleinismo”. É dessa
forma que a obra de Elisabeth Roudinesco e Michel Plon,
Dicionário de Psicanálise, descreve o principal nome feminino
da área e uma das mais notórias personalidades depois de Sigmund Freud.
Embora sua produção científica seja direcionada a temas diversos, foi por
conta de suas contribuições para a compreensão da mente infantil que se tor-
nou mais conhecida. Nesse sentido, também recebeu muitas críticas. Jacques
Lacan (saiba mais a partir da página 30) foi um dos autores que discordou de
análises realizadas por Klein – outros pensadores se uniram aos questiona-
mentos das ideias da psicanalista que desconstruíam a inocência das crianças.
Entenda quem foi essa cientista inovadora e seus mais importantes conceitos.

Trajetória de dificuldades
No ano de 1882, nascia em Viena, capital da Áustria, a quarta filha de Moritz
Reizes e Libussa Deutch, com o nome de Melanie Reizes. Seu pai, polonês e
judeu, rompeu com o tradicionalismo da religião e se formou em medicina. A
mãe, por sua vez, era judia de origem eslovaca e constantemente descrita como
uma mulher culta e erudita. “Quando, por sua vez, se tornou mãe, Melanie
também sofreria em sua vida particular as intrusões de sua mãe, Libussa,
personalidade tirânica, possessiva e destruidora”, narra a obra de Roudinesco.
Durante sua juventude, teve que lidar com o luto da perda da irmã Sidonie,
do pai e do irmão Emmanuel em um curto período de tempo – em 1887, 1900
e 1902, respectivamente. Melanie desejava ingressar no curso de medicina
para se especializar em psiquiatria, mas as limitações financeiras, agravadas
com a morte de Moritz, impediram-na de alcançar seus objetivos acadêmicos.
Logo após essa fase de dificuldades, aos 21 anos, casou-se com Arthur Steven
Klein, de quem adotou o sobrenome e se separou tempos depois.
Após se mudar com a família para Budapeste, na Hungria, vivenciou o
nascimento de seu terceiro filho e a morte de sua mãe. Mas o ano de 1914
não seria marcante apenas para sua vida pessoal: foi o primeiro contato que
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