CAPA
de jovens e adultos e a inserção de manuais para pro-
fessores da educação infantil, universalizando a oferta
de materiais para toda a educação básica.”
Nem sempre foi assim ʛó¶Ê«Ã¡Ê¢ØăÊ«ùÊʏÃ
Õ¢«ÃʼÊʏÃÕØËù«ÂÕ¢«Ãʜ. O país nem sem-
pre foi assim também. Durante muito tempo, o ensino
obrigatório no Brasil era até a quarta série do primário,
hoje chamado ensino fundamental. Até 1971, a criança
de 10 anos tinha de fazer uma espécie de vestibular, o
exame de admissão, para continuar o ensino funda-
mental – e poucos passavam. Não é de se estranhar,
portanto, que se a universalização do ensino não era
prioridade, muito menos os livros educativos. “A ava-
liação dos livros didáticos pelo MEC teve início só nos
anos 90”, relembra Silvana. De lá para cá, muita coisa
mudou para melhor até o ponto em que todas as crian-
ças e jovens brasileiros, do Oiapoque ao Chuí, tivessem
acesso a uma carteira e um bom motivo para obedecer
a professora quando ela pede silêncio.
REGRAS RÍGIDAS E CLARAS
Quando o livro se abre na página 48, conforme a pro-
fessora pediu, três a quatro anos se passaram até ser
possível que aquela obra chegasse às mãos do estudan-
te. Não são somente folhas de papel ramalhando en-
tre seus dedos, como a cochichar conhecimento. São o
resultado de um trabalho árduo que começa no autor.
“A elaboração de um livro didático é um processo ex-
tremamente complexo e, não raro, resume um projeto
didático-pedagógico de um autor construído ao longo
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dente da Abrale (Associação Brasileira dos Autores de
Livros Educativos). “Apenas a produção editorial des-
ses livros, sem considerar o planejamento e a escrita,
se estende por cerca de dois anos, envolvendo dezenas
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ter a obra mais correta possível”, disse ao jornal El País.
O PNLD tem regras muito rígidas, mas também
muito claras. Qualquer deslize nas normas de qua-
lidade pode colocar a perder um trabalho de anos
não só do autor, como também das editoras, que in-
vestem pesado para aprovar suas obras – o que nem
sempre acontece. Faz parte de um jogo com muitas
casas a percorrer (veja o quadro na página seguin-
ãʜ. “Não há como uma editora ou um autor se quei-
xar quando uma obra não é aprovada”, afirma Má-
rio Ghio, presidente da Somos Educação. Segundo
As dez principais etapas
da evolução do PNLD em 80 anos
1938
O embrião do programa foi a criação, pelo Mi-
nistério da Educação, da Comissão Nacional do Li-
vro Didático (CNLD). Um decreto estabeleceu con-
dições para a produção, importação e utilização do
livro didático. Só em 1966 , no entanto, a política de
distribuição gratuita de livros didáticos começou
com alguma consistência, com recursos para a en-
trega de 51 milhões de livros em três anos.
1983
Com nomes diferentes, administrados por ór-
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tintas, a iniciativa de oferecer material didático
aos estudantes brasileiros patinou durante vários
anos. Houve, então, um avanço considerável. Entre
as principais mudanças nesse ano estavam a par-
ticipação dos professores na escolha do livro didá-
tico, o surgimento de novas fontes de recursos e a
ampliação de séries atendidas.
1985
O Programa do Livro Didático para o Ensino
Fundamental (PLIDEF) deixa de existir por decre-
to e é criado o PNLD, que traz com ele importan-
tes avanços, como: a) a indicação da obra didática
pelos professores; b) a reutilização do livro e; c) o
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controle do processo para um órgão federal.