As palavras que compõem a sigla PNLD estão superadas. A expressão Programa Nacional do Livro e Material
Didático embute agora o conceito de que didático não precisa mais ser livro. Pode ser também algo digital – o
que não é novidade para nenhuma criança, mas ainda um aprendizado para os adultos que sabem de tudo. Faz
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“Acredito que cada vez mais a utilização e o desenvolvimento de conteúdos digitais são uma realidade, mas que
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Silvana, da FTD, tem opinião semelhante. “Acredito que nos próximos anos ainda não estará em discussão a
sobreposição plena do recurso físico pelo digital, mas sim a mudança do papel de contribuição de cada um como
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como construir um espectro conceitualmente dinâmico e amplo de recursos, em diferentes linguagens, que pos-
sibilite a cada aluno construir o seu próprio itinerário para a aprendizagem.”
mais três alunos que cursarem essa série nos anos sub-
sequentes. E quando esse estudante chegar ao quinto
ano, em 2023, vai receber um livro novo, uma vez que
o ciclo de quatro anos se reinicia.” Por isso, os volumes
devem ser conservados, bem cuidados e devolvidos para
o uso de outros alunos ao longo do período de três anos.
Sem a devolução, os custos se multiplicariam.
Ao que se saiba ninguém conseguiu propor ainda
um sistema mais simples e ao menos com a mesma
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tude e relevância, sempre há espaço para melhorias”,
pondera Felipe Polletti, diretor editorial da Editora do
Brasil. “Nesse aspecto, destacaria a implementação de
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partindo da publicação do edital até a entrega do livro
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contínuo, acredito que a avaliação dos materiais ins-
critos poderia ser feita por etapas, em vez da análise
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ciente se as obras fossem avaliadas por fases. “Faría-
mos um módulo, capítulo ou algo perto de um quarto
do livro. Entregaríamos, esperaríamos as orientações,
conversaríamos com os avaliadores”, acrescenta. No
modelo de hoje, a aprovação pelo MEC pode ser um
jogo de tudo ou nada – e a página 48 de muitos autores
pode jamais ser aberta.
OS CÃES E A CARAVANA
Pessoas, empresas e instituições envolvidas com a edu-
cação, com o livro didático e, por extensão, com o PNLD
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pesadelo, com o medo primal da escuridão, do bicho-pa-
pão. Pela primeira vez desde o início do processo de rede-
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“tudo que está aí” no reino da Educação. Logo no primei-
ro dia útil, veio a notícia de mudanças no edital do PNLD
2020, retirando a proibição de publicidade, removendo a
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verno também anunciou a intenção de reescrever parte
da história, eliminando dos livros a ditadura militar.
Mas foi só um sonho ruim.
“O PNLD é um programa de Estado, não de governo”,
sintetiza Ghio. “Nem sempre foi assim, mas hoje ele é
referência mundial”, complementa. O presidente da
Somos conta que está há três décadas nesse mercado,
passou por vários presidentes de diversos partidos, e
o PNLD avançou ao longo desse tempo sem a ingerên-
cia transitória de pessoas com mandatos temporários.
Um futuro digital