Depois de Marx, nenhum outro nome ligado ao pensamento
marxista foi tão lembrado e respeitado como o de Wladimir
Lenin. Ele foi um dos pensadores e líderes políticos
revolucionários mais importantes do século 20. Isso porque
planejou a tomada do poder pelos bolcheviques na Rússia em
1917 e foi o arquiteto do estado socialista que viria a nascer com
a União Soviética. Querendo ou não, a Revolução Russa foi dos
acontecimentos mais marcantes do século 20 e criou um modelo
político-econômico que teria seu auge no período pós-Segunda
Guerra, mas se esgotaria no início da década de 1990.
Wladimir Ilich Ulyanov – que passou a usar o nome Wladimir
Lenin em 1901 – nasceu em Simbirsk, perto de Moscou, em 22
de abril de 1870, em uma família nobre. Orlando Figes, professor
de História especializado em Rússia da Universidade de Londres,
acredita que ele adorava seu modo de vida. “Na sua juventude, era
orgulhoso de se poder designar como ‘filho de um nobre’. Uma vez
descreveu-se mesmo na polícia como ‘Vladimir Ulyanov, de nobre
família’”. Mesmo após a morte de seu pai, ele, os irmãos e a mãe
continuaram vivendo confortavelmente dos arrendamentos e das
vendas dos terrenos.
Lênin foi um excelente aluno e resolveu estudar Direito. Na
universidade, tomou contato com os pensadores revolucionários,
o que acabou influenciando seu próprio pensamento. Auxiliou em
sua guinada revolucionária o fato de seu irmão Alexandre Ulyanov,
com 21 anos, envolver-se com o grupo terrorista Pervomartovtsi,
que empreendeu diversas tentativas de assassinar o czar Alexandre
III. Ele acabou condenado à morte e executado em 1887.
Por causa de sua postura extremada, Lênin foi expulso da
universidade e teve que terminar a graduação no exterior, em
- Então, mudou-se para São Petersburgo e tornou-se um
“revolucionário por profissão”. Como seus contemporâneos, foi
exilado na Sibéria, onde acabou se casando com a russa Nadezhda
Krupskaya, que também havia sido condenada ao exílio. É
importante ressaltar que Krupskaya foi mais que a esposa ideal
de Lênin. Afinal, por admirar a força revolucionária do marido,
ela cuidava dele, mimava-o e ainda fazia os serviços de secretária,
organizando seus papéis diariamente. Esse seria um dos motivos da
briga com Stalin, às vésperas da morte de Lênin.
Depois do exílio na Sibéria, Lênin passou anos na Europa,
escrevendo e estudando o marxismo, adaptando o ideário marxista
a seu pensamento e à Rússia. Em Paris, conheceu uma linda
moça, que, por pouco, não abalou por completo seu casamento.
Tratava-se de Inês Armand, filha de uma atriz com um cantor de
ópera. Como prova da influência que Lênin causava na época, Inês
Armand, ao ler sua obra, tornou-se uma bolchevique.
Em 30 de agosto de 1918, Lênin foi vítima de uma tentativa de
assassinato, crime que fez parte de diversos atentados contra
bolcheviques naquele ano. Foram disparados três tiros pela
militante Fanny Kaplan, que, anos antes, fora encarcerada pelo
regime czarista. Um dos tiros atingiu Lênin no ombro e o outro
no pulmão. Ele não morreu, mas sua saúde ficou fragilizada.
Quatro anos depois, em maio de 1922, sofreu o primeiro derrame,
que deixou o lado direito de seu corpo parcialmente paralisado.
Com isso, seu papel no governo começou a diminuir. Tanto que,
em dezembro do mesmo ano, sofreu outro derrame e deixou suas
funções. Três meses depois, ocorreu um terceiro derrame, que
o deixou praticamente sem poder falar. Lênin morreu em 24 de
janeiro de 1924. Por iniciativa de Stalin, que queria manter vivo o
culto a Lênin no país, seu corpo foi embalsamado e colocado em
um mausoléu em Moscou.
bar com suas ambições de poder na Rússia revolucionária.
Não que Trotski não tivesse motivo para tanto, mas, cer-
tamente, há em suas palavras traços de exagero, de descré-
dito decorrente do desprezo que sentia por Stalin quan-
do essas linhas foram escritas. Muitas colocações suas
são infundadas – como veremos mais adiante quando
Trotski levantou levianamente a suspeita de Stalin ter
envenenado Lênin. Ao mesmo tempo, é fato que o futu-
ro ditador não teve papel de destaque na Revolução, não
saiu às ruas e nem pegou em armas. Tanto que, ao final
da Revolução e mesmo depois da guerra civil, as duas fi-
guras mais populares entre os russos e tidas como heróis
continuavam sendor Lênin e Trotski.
Em compensação, o fato de um indivíduo não pegar
em armas e não “aparecer” aos olhos do povo numa Re-
volução não é atestado de que nada ou pouco tenha fei-
to. Stalin permanecia com sua característica mais mar-
cante: a habilidade de trabalhar nos bastidores, de não
chamar a atenção. Seria devido a essa característica que,
após a morte de Lênin, os líderes que disputavam o po-
der não se preocupariam com o camarada Stalin, que
muitos consideravam inofensivo e intelectualmente li-
mitado. Só que o futuro ditador daria um “nó” em to-
dos eles, e começaria a mostrar suas garras e sua ambição
sem limites de crueldade já na guerra civil que se seguiu
à Revolução de Outubro.
Lênin, o grande herói e inspirador
Fotos: Divulgação/ Discovery Networks
Lênin