BATALHAS DECISIVAS
No ano de 1942, no entanto, quem visitasse a Eu-
ropa acreditaria que o continente estava nas mãos de
Adolf Hitler, pois nem as vitórias parciais na Grã-Bre-
tanha (1940) e na União Soviética (1941) tinham vi-
rado o jogo em favor dos Aliados. O começo do fim
só aconteceu com a derrota alemã em El Alamein, que
significou o fim do domínio ítalo-germânico no norte
da África.
A grande virada da guerra aconteceu porque Hitler foi
ambicioso demais. Mesmo tendo sido detido pelos sovi-
éticos em Moscou e Leningrado em 1941, ele planejou
uma nova batalha em 1942. “Continuaremos a luta no les-
te. Massacraremos o colosso soviético até fazê-lo em pe-
daços”, disse o Führer. Com seu espírito megalomaníaco,
o líder nazista quis atacar Sta-
lingrado e o Cáucaso de uma só
vez, dividindo suas forças. Seus
generais alertaram que seria mais
prudente tomar uma cidade por
vez, mas ele não deu ouvidos.
Do outro lado, Stalin comanda-
va seus generais para retardar ao
máximo a chegada dos nazistas a
Stalingrado, para que pudessem
organizar a defesa.
O ataque a Stalingrado
aconteceu em 23 de agosto de
- A população engajou-se
na luta ao cravar trincheiras,
produzir tanques nas fábricas
e empunhar fuzis. Mesmo as-
sim, estava complicado conter o
avanço do Eixo, e as tropas na-
zistas chegaram a ocupar o cen-
tro de Stalingrado. Em 16 de novembro de 1942, po-
rém, a temperatura baixou de forma brusca e os soviéti-
cos vieram com uma contra-ofensiva. Hitler não admitia
a rendição àquela altura e, por isso, seu general Paulus
manteve-se na linha da batalha, rendendo-se somente
em 31 de janeiro de 1943. A vitória em Stalingrado ani-
mou – e muito – os soviéticos a resistir em outras cida-
des. A guerra não havia terminado, mas Adolf Hitler ha-
via sofrido um dos golpes mais duros.
A derrota final da Alemanha nazista estava se apro-
ximando. A invasão da Itália pelas tropas aliadas preci-
pitou a queda de Mussolini e do regime fascista. Com
os rumos que a guerra tomava – o enfraquecimento do
Führer em várias frentes – Churchill, Stalin e Roosevelt
se encontraram em Teerã (Irã) no final de novembro de
1943 para discutir o que fariam dali em diante. As con-
clusões militares estabeleceram as bases para o desem-
barque das forças aliadas na Normandia (França), epi-
O confronto entre a foice
e o martelo do senhor do
Kremlin e a suástica
do senhor do Reich
era inevitável, pois,
cada vez mais, o mundo se
tornava pequeno
para abrigar dois regimes
totalitaristas e fortes,
ainda mais sendo vizinhos
sódio que ficaria conhecido como o Dia D, e o avanço da
frente leste com os russos.
AVANÇO FINAL SOVIÉTICO
Ainda em Teerã, Stalin, reconhecido como essencial
na vitória contra os nazistas, conseguiu impor a Churchill
e Roosevelt a definição de uma nova fronteira com a Polô-
nia, além de confirmar seu direito de exigir governos ami-
gos nos Estados limítrofes. Esse foi o primeiro passo para
impor novamente o poder soviético na região. Mas, antes,
era preciso reconquistou todo o território perdido para os
nazistas. Em 1943, retomaram Kursk, na Ucrânia, e, em
1944, o Exército Vermelho conseguiu romper o cerco a
Leningrado. Em maio do mesmo ano, reconquistou a Cri-
meia. Outras partes importantes do Leste foram recupe-
radas pelo rolo compressor sovi-
ético: Finlândia, Bulgária, Hun-
gria e Prússia Oriental.
Antes de se lançar sobre
Berlim, os soviéticos conquis-
taram Viena, na Áustria, em 13
de abril de 1945. Em seguida,
foram para o Oeste. Com o fra-
casso, Hitler abriu o espaço tão
esperado por Stalin para a vira-
da do jogo. Mas o Führer não
desistiu e ficou para defender
Berlim até o fim, mesmo saben-
do que não havia saída para a
Alemanha. Em 16 de abril, os
norte-americanos haviam to-
mado Nuremberg e, cindo dias
mais tarde, as tropas soviéticas
estavam nos arredores de Ber-
lim. O último ato da 2a Guerra
Mundial na Europa aconteceu em 30 de abril de 1945,
quando os soviéticos estavam a apenas um quarteirão
da Chancelaria. Hitler e sua companheira Eva Brown se
suicidaram. Era o fim do nazismo. Era o fim da Guerra.
Stalin era um homem inteligente que conseguiu, com
paciência, virar o jogo. Jogo esse de puro interesse dos
dois lados. Hitler e Stalin nunca foram amigos, mas ape-
nas estiveram do mesmo lado por alguns instantes e por
não encontrar outros aliados naqueles exatos momentos.
Por isso, vieram a traição nazista e a aderência de Stalin
aos Aliados. A vitória aliada contra o nazismo rendeu à
URSS mais de 20 milhões de mortes e um esforço de
guerra como nunca visto antes. A intensidade da indus-
trialização exigida forçou o país a produzir material béli-
co de forma constante, aquecendo a economia, e transfor-
mando a URSS na segunda maior potência do planeta e
abrindo espaço para a disputa com os Estados Unidos, o
que se consolidaria pelo nome de “Guerra Fria”.