Grandes Ditadores da História - Hitler & Stalin - Edição 01 (2019-08)

(Antfer) #1
AFP

Sissi, a Imperatriz
Apesar da decadência do Império, a corte austríaca preservava
uma imagem diferente. O luxo e a riqueza da vida palaciana
dos Habsburgo eram embalados, entre outras, pela valsa O
Danúbio Azul, de Johann Strauss. Elizabete da Áustria (1837 –
1898), ou Sissi, a “imperatriz do povo”, vivia sua lenda de linda
princesa perseguida pela rainha má, no caso a Arquiduquesa
Sofia. A mãe do imperador tentava controlar o filho, mas tinha
na imperatriz um obstáculo, já que Elizabete trazia o marido
na palma da mão. Anoréxica, excêntrica, fanática por esportes –
tinha uma sala de ginástica em seus aposentos, num tempo em
que só os homens se exercitavam –, Sissi não era bem-vista pela
nobreza. Mas as fofocas do palácio apenas desviavam a atenção
do povo dos movimentos políticos, que escreviam a nova
ordem social e política da Europa. Enquanto Francisco José
se desdobrava para manter a importante posição da Áustria, a
pompa da corte, os belos edifícios de Viena, a valsa e o brilho
popular de Sissi iluminavam a fachada de um império que ruía
frente às movimentações que abalavam a Europa Central.

anistia aos nobres revoltosos, e isso fez que ela se tornas-
se bastante popular entre seus súditos. No ano seguinte,
no entanto, a Áustria perdeu a Lombardia. Foi a primeira
de uma sucessão de derrotas. Em 1866, Bismark venceu a
Áustria na Guerra dos Sete Dias, acabando com o domí-
nio austríaco sobre a Confederação Germânica, uma alian-
ça para a defesa mútua entre 39 Estados alemães, formada
em 1815, depois do susto dado por Napoleão em toda a
Europa, possibilitando a fundação do Primeiro Reich. En-
tre as outras perdas dos Habsburgo, a sofisticada Veneza
foi para a Itália. Em 1867, cedendo às pressões (e nova-
mente influenciado pela esposa), Francisco José elevou a
Hungria à condição de reino, criando o Império Austro-
-Húngaro. A decisão abalou o prestígio do imperador, pois
os súditos austríacos ficaram profundamente insatisfeitos.
Num império formado por diferentes povos – germâ-
nicos, eslavos, italianos, judeus e outros –, os austríacos
sentiam-se superiores. Mas, naquele momento, os hún-
garos haviam conquistado um status equivalente ao de-
les. Logo, os demais Estados que formavam o Império
fariam o mesmo. O ressentimento se infiltrava nos aus-
tríacos médios, fermentando uma intolerância cada vez
maior – principalmente contra os judeus e os eslavos. Mas
a Áustria-Hungria não tinha apenas problemas internos.
No âmbito internacional, as coisas também não iam bem.
Nos primeiros anos do século 20, uma acirrada disputa
por questões territoriais entre o Império Austro-Húnga-
ro e a Rússia acabou se tornando tão ácida que veio a en-
volver a Alemanha, a França, a Grã-Bretanha e o Império
Otomano, arrastando o mundo para uma guerra mundial.
Foi nesse ambiente, em que as questões políticas inflama-
vam o ar, alimentadas pelo combustível do preconceito ra-
cial, que Adolf Hitler foi criado.

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