gesse os líderes do partido durante os comícios.
Naquela época, diversas organizações paramilitares de
caráter ultraconservador e de extrema direita grassavam
na Alemanha, surgidas devido, principalmente, ao desem-
prego, à inflação aviltante e, fundamentalmente, em oposi-
ção à esquerda contrária à manutenção de uma Alemanha
unificada. Organizações como os Stahlem, isto é, Capace-
tes de Aço, a Einwohnerwehr, ou Força para a Defesa do
Cidadão, e a feroz Freikorps, integrada por ex-combaten-
tes frustrados e sedentos de vingança pela derrota que ha-
viam sofrido na Primeira Guerra, formavam-se para de-
fender seus ideais e confrontar aqueles que julgavam ser
os traidores da pátria.
Naquele estado de coisas, as disputas políticas eram re-
solvidas a bala e venciam os mais fortes, mais organizados
e melhor armados. Logo após o término da Primeira Guer-
ra, a Alemanha se viu à beira de uma guerra civil entre os
comunistas e a extrema direita. Durante um curto perío-
do, em 1919, os comunistas exerceram forte influência em
Munique e em toda a Baviera. Isso levou a combates en-
tre os marxistas e os Freikorps apoiados por unidades da
Reichswehr. A “Revolta Esparquista”, como foi chamada a
tentativa da esquerda de tomar o poder e separar a Bavie-
ra do resto da Alemanha, começou quando as milícias de
esquerda ocuparam os escritórios do jornal social-demo-
crata Vorwäts. Depois de vários dias de combates nas ruas
de Munique, os Freikorps puseram um ponto final à revol-
ta com um banho de sangue: centenas de rebeldes foram
mortos, e vários líderes comunistas, assassinados.
SURGIMENTO DA SA
Era necessário, portanto, que também a NSDAP ti-
vesse sua própria força paramilitar se quisesse se conso-
lidar. E essa tarefa foi dada a Ernst Röhm, que, em agos-
to de 1921, criou a Sturmabteilung, ou Tropa de Assalto
(SA). Constituída por antigos membros dos Freikorps e
do Reichswehr, a SA logo se fez notar por sua violência
quase sempre injustificada. Hitler apoiava publicamente
a atitude feroz dos “camisas pardas”, como os membros da
SA foram apelidados por conta dos seus uniformes. Num
des seus discursos, Adolf afirmou que “o futuro de um
movimento depende do fanatismo – e até mesmo da into-
lerância – com que seus partidários o exaltam, exibindo-o
como o único rumo certo e levando-o adiante em oposi-
ção a ideias contrárias”.
Num primeiro momento, a SA era pequena. Em
1922, havia cerca de 800 camisas-pardas contra meio mi-
lhão de membros da Einwohnerwehr, e, enquanto a SA
se limitava apenas a Munique e à Baviera, o Sathlem ti-
nha representações em toda a Alemanha. No entanto,
graças ao carisma de Hitler – e às péssimas condições de
vida no país –, a SA, com seus estandartes e suas suásti-
cas, cresceu em proporção geométrica.
O magnetismo de Adolf e a força demonstrada pela
SA, calando quem quer que se opusesse à NSDAP, aca-
baram conquistando uma verdadeira legião de seguido-
res. Cada vez mais, o futuro líder da Alemanha passava a
assumir uma atitude messiânica que incendiava um país
sem rumo e sem esperança. Gradativamente, surgia como
o grande governante que tiraria a nação do buraco. E Hi-
tler, que no início da sua atividade política se via apenas
como um profeta, um João Batista a preparar o caminho e
a anunciar a vinda do grande salvador que traria a reden-
ção do povo alemão, começou a acreditar que, de fato, ele
era esse líder.
A partir de então, a loucura dominou o Partido Nacio-
nal-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Os membros
da SA passaram a realizar um juramento de fidelidade e
de lealdade não à doutrina nacional-socialista, ou à Ale-
manha, mas, sim, a Hitler. Isso ficou patente com a sauda-
ção que passou a ser usada a partir de 1926: “Heil Hitler!”,
isto é “Salve Hitler!”. Dessa forma, aquele cabo do exérci-
to derrotado, ex-artista frustrado, indigente, pintor de pa-
rede, desertor das forças austríacas, mas herói de guerra e
dono de uma eloquência impressionante, viu-se transfor-
mado em algo até mesmo maior que o líder absoluto do
Nacional-socialismo. Hitler era tido por toda a Alemanha
como o próprio Partido Nacional-Socialista. Faltava ape-
nas tomar o poder em suas próprias mãos, o que Adolf
procurou fazer através de um golpe de Estado.
Era necessário que também a NSDAP tivesse sua própria força
paramilitar se quisesse se consolidar. E essa tarefa foi dada
a Ernst Röhm, que, em agosto de 1921, criou a Sturmabteilung, ou
Tropa de Assalto (SA). Constituída por antigos membros
dos Freikorps e da Reichswehr, a SA logo se fez notar por
sua violência quase sempre injustificada