DIETRICH ECKART
As últimas palavras de Dietrich Eckart, ao morrer em
1923, foram um conselho para os que o cercavam. “Sigam
Hitler”, disse ele. “Vocês o verão dançar, mas eu fui o com-
positor da música; dei a ele os meios para se comunicar
com eles ... Minha influência na história será maior do que
a de qualquer outro alemão”. De fato, Eckart, pleno conhe-
cedor da estratégia da oratória, foi o responsável por trei-
nar Hitler e melhorar sua natural capacidade de comuni-
cação. Mas a influência de Eckart, um jornalista, escritor
e tradutor alcoólatra e viciado em morfina, sobre o ditador
também envolveu o ocultismo. Ele havia dedicado grande
parte do seu tempo aos estudos das técnicas usadas pelos
médiuns, e procurou ensiná-las a Hitler para aumentar o
poder de persuasão do líder do nazismo.
RUDOLF STEINER
Parece incrível incluir o grande pensador austríaco Ru-
dolf Steiner (1861 –1925) entre as mentes que influen-
ciaram Hitler, mas, de fato, o futuro líder da Alemanha
chegou a nutrir uma grande admiração pelo fundador da
Antroposofia. Steiner, porém, jamais compactuaria com o
ideal nazista e suas ações.
Os conceitos de Steiner, filósofo e pedagogo, reuni-
dos na doutrina que chamou de “Antroposofia”, buscavam
atingir o verdadeiro conhecimento da natureza humana.
Escritor e palestrante eloquente, Steiner fundou a Socie-
dade Antroposófica, o teatro Goetheanum, em homena-
gem ao grande escritor alemão Goethe (1749 – 1832), a
escola Waldorf, que até hoje continua a ser pioneira em
termos de pedagogia, e um instituto clínico e terapêutico.
Hitler ficou muito impressionado com a visão de Stei-
ner. Mas, na verdade, o nazista distorceu a proposta do fi-
lósofo, numa interpretação absurda. A obra de Steiner foi
tão descontextualizada pelos nazistas que alguns chega-
ram a dizer que ele era anti-semita. Na verdade, o filósofo
participava de uma liga contra o anti-semitismo. Provavel-
mente a confusão venha de um livro publicado em 1920
pelo antroposofista Karl Heise, chamado Entente-Frei-
maurerei und Weltkrieg (Maçonaria-entente e a Primeira
Guerra). O livro era resultado de palestras de Steiner so-
bre história contemporânea. O texto caracterizava a Pri-
meira Guerra como “tempestade punitiva” e declarava que
o presidente americano, Wilson, e Lênin eram imbuídos
de poderes místicos que se opunham à missão espiritu-
al da Alemanha. O livro fala também de uma conspiração
maçônica britânica contra a Alemanha e cita Guido von
List. Foi o que bastou para alguns nazistas adotarem seu
argumento. No entanto, logo as diferenças entre as ideo-
logias de Steiner e de Hitler ficaram patentes. Não muito
depois de chegar ao poder, os nazistas fecharam as esco-
las Waldorf e perseguiram os seguidores da antroposofia.
O jovem Hitler era um
entusiasmado leitor
da Ostara, quando vivia
em Viena. A revista era
carregada de anti-
semitismo e de ideias
sobre a superioridade
germânica. Liebenfels
publicava no
periódico idéias como a
de que Cristo era um
iniciado ariano que
havia se posionado
contra as forças obscuras
representadas pelos sacerdotes
judeus
AFP
Rudolf Steiner