u vi coisas que vocês, homens, nunca acre-
ditariam. Vi naves de guerra em chamas na
constelação de Orion. Vi raios-C cintilantes
no escuro, perto do Portal de Tannhäuser.
Todos esses momentos se perderão no tempo, como lá-
grimas na chuva. Hora de morrer...” Ao terminar esse
breve discurso, Roy Batty, o androide replicante, mor-
re. Seu corpo inerte, sob a chuva que cai, deixa trans-
parecer uma humanidade até então pouco conhecida,
a não ser pela vontade de viver: frio e violento, ele aca-
bara de salvar a vida de seu principal perseguidor, o
ex-policial Rick Deckard. Bastou o androide “parar de
respirar” e a pomba branca que ele segurava nas mãos
ganha o céu cinza, como se a alma dele se esvaísse.
Por Gumae Carvalho
HUMANOS
CAPA
Na onda das transformações por que
passam as empresas, impulsionadas pela
tecnologia, o humano firma-se como o
grande diferencial para o sucesso. A
questão é como as experiências e as
interações das pessoas são cuidadas
nesse novo mundo do trabalho
E
A morte do personagem interpretado por Rutger
Hauer (ator que faleceu em 19 de julho deste ano)
ocorrida em novembro (também deste ano, mas no
2019 do clássico Blade Runner, de 1982, dirigido por
Ridley Scott e também estrelado por Harrison Ford,
no papel do ex-policial) traz algumas refl exões. Será
que num futuro próximo conviveremos com robôs
tão humanizados como Batty nessa cena, um dos
modelos mais avançados de androides para aquela
época, o Nexus-6? Ou isso fi cará apenas nas histó-
rias de fi cção, como no livro de Philip K. Dick, Do
androids dream of electric sheep? (Androides sonham
com ovelhas elétricas?, em português), de 1968 e que
inspirou esse fi lme?