Women's Health - Brasil - Edição 118 (2019-08)

(Antfer) #1
Se minha vida fosse um
anúncio nos classificados,
seria algo do tipo:
“Mulher de 29 anos em
busca da saúde máxima”.
Dê-me uma tendência
de bem-estar e eu estou
convencida a tentar sem
qualquer relutância.
Então, quando no fim do
ano passado os resultados
de um exame de rotina
revelaram níveis de
metais pesados em
quantidades alarmantes,
fui pega de surpresa.
O que nossas ancestrais
usavam para matar seus
maridos em romances
do século 19, o arsênico,
estava se divertindo no
meu corpo, junto com
níquel e mercúrio. Meu
clínico geral especialista
em medicina integrativa,
o médico John Hart, diz
que eles são os metais
que mais aparecem
em exames de desafio
de quelação da urina
(duas amostras de xixi,
a primeira quando você
acorda e a segunda
realizada a partir das
urinas coletadas ao longo
de 24 horas), junto com
o chumbo. Pesado.
Tenho que fazer uma
ressalva e confessar
que esbanjar em coisas
saudáveis nem sempre
foi o meu barato. Passei
uma boa parte dos meus
20 anos sobrevivendo
basicamente de vinho
barato e iguarias fritas.
Além disso, lembro-me
de notícias denunciando
a presença de arsênico no
suprimento de água e de
arroz. Será que isso era
minha saúde de ressaca?

Composição
mineral
Você abraçou a ideia de que
existem bactérias intestinais
boas e bactérias ruins. Parabéns.
A mesma regra serve para os
minerais – que especialistas
estão chamando agora de
verdadeiras estrelas do bem-
estar. “Assim como acontece
com sua flora intestinal, há dois
tipos de minerais”, explica Karen
Coates, médica estadunidense
especialista em medicina
integrativa. “Alguns minerais são
bons para você, como o zinco, o
magnésio e o cálcio. Eles estão
do lado dos mocinhos. E há os
minerais tóxicos, ou metais,
que não deveriam existir no
corpo humano, como mercúrio,
alumínio, arsênico, cádmio e
chumbo”, diz.
Infelizmente, nossas taxas
de minerais estão levando
uma surra. Um estudo norte-
americano publicado na revista
científica internacional Hort
Science mostrou que frutas e
verduras têm menos minerais
bons hoje do que 50 anos atrás
(de 5% a 40% menos). Some a isso
a potencial exposição crônica a
metais pesados por meio da água,
de alimentos (especialmente
peixes grandes), da poluição e de
produtos químicos do dia a dia
e nosso corpo quase precisa ser
sinalizado como “carga pesada”.
“E isso pode ter consequências
graves”, diz Lucas Palmiro,
endocrinologista e nutrólogo,
professor da Universidade
Federal de São Paulo, que explica
as consequências do excesso dos
principais metais perigosos:
Arsênico A intoxicação afeta
principalmente o sistema
cardiovascular. Se o metal está
em seu corpo por muito tempo, a
medula, responsável por produzir
o sangue e as células vermelhas,
é alterada, o que pode levar ao
quadro de leucemia e anemia.
Chumbo Grave especialmente
em crianças, que podem vir a ter
distúrbio de desenvolvimento,
que afeta funções básicas como
a fala e capacidade de interação
com outras pessoas. Em adultos,
causa até mesmo danos cerebrais.

Mercúrio Em concentração
alta no ser humano, pode
causar lesão no rim.
Níquel A principal característica
de seu excesso é o aumento da
pressão sanguínea, além de
alterações de humor e mal-estar.
Alguns sintomas de que nosso
corpo está intoxicado incluem
“falta de energia, dificuldade
para se concentrar, dor de
estômago, prisão de ventre,
diarreia, pele seca e descamando,
dificuldade para respirar, dor nas
articulações e irritabilidade”,
conta a naturopata Cheryl
Goodman, dos Estados Unidos.
Mas, como essas são coisas
genéricas, ela recomenda
consultar um especialista.

Mude seu
veneno
Então o que aconteceu
depois que o médico considerou
minha taxa de metais pesados
mais alta que a da Torre Eiffel?
Ele preparou um processo de
exames e desintoxicação que
demorou quatro meses
no total, começando com um
mergulho de cabeça no meu
sangue e xixi. “Devido à tendência
dos metais pesados de serem
armazenados nos tecidos,
exames de urina e de sangue
são utilizados com frequência
para uma avaliação mais
precisa”, explica Cheryl.
Meu tratamento personalizado,
recomendado pelo dr. John,
envolveu uma combinação de
comprimidos enormes, poções
e uma planilha de alimentação
e exercícios. Em seguida vem a
fase de manutenção, que Chris
Shade, químico ambiental
estadunidense, também
recomenda. Chris reconhece
que vale a pena fazer uma
desintoxicação de um mês
ao ano ou de uma semana ao mês.
O ideal é consultar seu
médico para que ele receite
os comprimidos e as poções,
mas, quanto aos alimentos,
WH te dá uma mãozinha.
A seguir, todos os que você deve
incluir na sua alimentação
para te ajudar no seu desafio
“remineralizante”.

30 WOMEN’S HEALTH / Agosto 2019


FOTOS: SHUTTERSTOCK
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