efetiva que a primeira. Existe evidência de que o pré-tratamento com alguns
medicamentos antiarrítmicos pode melhorar a taxa de sucesso da cardioversão elétrica.
É essencial que o procedimento de cardioversão seja feito quando o risco de evento
embólico for baixo, ou seja, quando o tempo de aparecimento da FA for menor que 48
h (queixas como palpitações são pouco confiáveis para determinar o início exato do
episódio de FA) ou quando o ecocardiograma transesofágico afasta trombos
intracavitários, sobretudo em átrio esquerdo.
Nesses cenários, o paciente pode ser cardiovertido, mas deverá permanecer
anticoagulado por, pelo menos, quatro semanas após a cardioversão, pois a função
contrátil atrial pode levar algumas semanas para se recuperar (fenômeno conhecido
como stunning atrial), mesmo com a restauração do ritmo sinusal.
Não havendo definição dos dois cenários descritos, o paciente pode ser
cardiovertido depois de 3 semanas de anticoagulação eficaz (paciente dentro da faixa
terapêutica). A anticoagulação também deve ser mantida quatro semanas após a
cardioversão.
A cardioversão elétrica é feita após explicação do procedimento ao paciente.
Precisa de sedação, monitoramento contínuo, material para garantir vias respiratórias e
suporte para possível parada cardiorrespiratória. A energia recomendada é de 120 a
200 J no modo sincronizado, podendo ser necessários aumentos progressivos na
carga. A cardioversão farmacológica (Tabela 11.1) pode ser feita com amiodarona,
propafenona, entre outras medicações, com as características descritas.
Após a cardioversão química ou elétrica, obtém-se, em geral, a manutenção do
ritmo sinusal com antiarrítmicos orais. A escolha tem por base a presença ou não de
doença estrutural cardíaca e outras comorbidades, como doença pulmonar ou
insuficiência renal. Se houver falha, a ablação curativa por cateter é considerada
terapia de segunda linha (Figura 11.1). Não se recomenda medicamento antiarrítmico
para a manutenção de ritmo sinusal na FA sem fatores de riscos para recorrências e
cujo fator desencadeante tenha sido corrigido (p. ex., lone atrial fibrillation causada por
uso abusivo de psicoestimulantes como álcool ou cafeína).
Tabela 11.1 Medicações para cardioversão farmacológica.
Medicamento Dose Manutenção Efeitos colaterais
Amiodarona (antiarrítmico classe
III)
5 a 7 mg/kg em 30 a 60 min,
seguidos de 1,2 a 1,8 g/dia e
infusão contínua até o total de
10 g
Manutenção: 200 a 600 mg/dia
(pós-cardioversão)
Hipotensão, tontura,
bradicardia, prolongamento do
QT, hipo/hipertireoidismo,
acometimento visual
Propafenona (antiarrítmico
600 mg IV 1,5 a 2,0 mg/kg em
10 a 20 min ou 600 mg VO, 300 a 900 mg/dia em uma ou
Hipotensão, flutter atrial com
alta resposta ventricular,