Jaciara: Janaína do céu, apareceu uma mulher aqui. Toda
trabalhada no preto, parecia uma assombração. Sinistra que só ela.
Puxou uma peixeira do decote e tudo.
Janaína: Do decote?
Jaciara: É, do decote. Disse que estava atrás de um homem. Que
Deus o tenha. Mas até que ela falou umas coisas que fazem todo
sentido.
Janaína: O quê?
Jaciara: Ela disse: “O medo nada mais é que um indicativo do
que queremos e valorizamos”.
Janaína: Filósofa contemporânea. E ela foi para onde?
Jaciara: Não sei. Desapareceu do mesmo jeito que apareceu.
Janaína: Que estranho. Tem certeza que tu não sonhou acordada?
Jaciara: Deixa de besteira, menina. A sonhadora da história é tu.
Agora vamos embora, que a gente já perdeu tempo demais aqui.
Janaína: Eu estou cansada. (Senta.)