ELEFANTES BRANCOS PÚBLICOS
Banco Central do Brasil
Jornal O Globo/Nacional - Rio
domingo, 24 de abril de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Ministério da Economia
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Autor: BÁRBARA SOUZA E LUIZ ERNESTO
MAGALHÃES
Tapumes, pichações nas fachadas, risco de invasões e
degradação são o retrato de centenas de prédios e
terrenos públicos da União, do governo do estado e da
prefeitura, hoje desocupados ou subaproveitados na
cidade do Rio. As razões para a persistência deste
problema, mesmo após sucessivos anúncios de projetos
para venda ou revitalização desses espaços, são
comuns: burocracia, falta de recursos para reformas e
até mesmo o desinteresse do mercado em arrematar
imóveis em leilão, por considerar os preços fora da
realidade do mercado.
- Um edifício ou terreno abandonado degrada o
ambiente onde está inserido. A questão não é
exclusivamente esse imóvel, mas o contexto - alerta o
arquiteto e urbanista Sérgio Magalhães, ressaltando que
o problema se repete com muitos imóveis privados.
Em Laranjeiras, um dos exemplos é o imóvel onde
funcionou o antigo Mercadi-nho São José, numa área
valorizada do bairro. De propriedade do INSS, o local foi
um espaço tradicional da gastronomia e da boêmia
carioca e está fechado desde 2018, quando a autarquia
decidiu reassumir a área. Prefeitura e estado já
anunciaram interesse em assumir o espaço, mas nada
foi feito de concreto.
- Era um espaço maravilhoso. Eu mesmo promovi vários
eventos ali. Não só virou um desperdício nos aspectos
de economia e cultura, como os moradores perderam
um ponto de lazer- lamenta o ator Paulo Marti-nelli, que
é vizinho do local. A área do Mercadinho está na lista
dos 2.264bens da União, avaliados em R$ 1 trilhão, que
foram oferecidos em um 'feirão' promovido pela
Secretaria de Patrimônio da União (SPU) em 2021. A
lista original incluía ainda o Palácio Gustavo Capanema,
considerado um marco da arquitetura moderna
brasileira, o que causou polêmica. No fim, o prédio foi
tirado da relação.
CASTELINHO SÓ EM 2023
A intenção do município era que a Companhia de
Desenvolvimento Urbano do Porto (Cdurp) fizesse uma
proposta pelo Mercadinho, como investimento. No
entanto, quase um ano depois, o processo de avaliação
não foi concluído. Há quatro anos, o estado também
manifestou interesse pela área. Em nota, o governo diz
que fez uma proposta à União e aguarda resposta.
No Flamengo, um dos atuais símbolos de patrimônio
sem uso é o centenário Cas-telinho, sede do Centro
Cultural Oduvaldo Vianna Filho, da prefeitura. Resultado
da mistura de elementos de estilos e épocas diferentes,
como barroco, renascentista, neo-gótico francês e art
nouveau, o imóvel está fechado desde a gestão do ex-
prefeito Marcelo Crivella. Em lugar de exposições e
cursos, apenas guardas municipais são vistos no local.
A solução para o imóvel pode vir só em 2023:
'O Castelinho precisa de reformas. Algumas
intervenções já foram feitas, mas para voltar a funcionar
requer intervenções maiores, o que ainda não foi
possível. A pasta está trabalhando para resolver (o