Clipping Jornais - Banco Central (2022-04-24)

(Antfer) #1

Preço do PF sobe 23% no país e bife some do prato


Banco Central do Brasil

Jornal Correio Braziliense/Nacional - Economia
domingo, 24 de abril de 2022
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Autor: MICHELLE PORTELA


Os reflexos decorrentes da inflação dos alimentos
fizeram com que o preço médio do prato feito
aumentasse 23% nos últimos 12 meses, mais do que o
dobro do acumulado no Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA). Com isso, o tão consumido
bife bovino está desaparecendo da refeição do
trabalhador brasileiro. Em alguns casos, o valor do PF
chega a dobrar com a inclusão da carne de boi.


A economista Marcela Kawauti, da Prado Assessoria,
utilizou como base para o levantamento do preço do
prato feito no país os preços da carne bovina, arroz,
feijão, salada de alface e tomate, batata frita, temperos
e gás de cozinha vigentes em todo país. Foram
incluídos no cálculo também os temperos, como cebola,
alho, sal, óleo de cozinha e azeite e o uso do gás de
cozinha. Os dados representam a inflação acumulada
em 12 meses, até março de 2022.


Os resultados da pesquisa mostram que, embora a
inflação acumulada no IPCA seja de 11, 30%, o número
representa o quanto a cesta média de consumo do


brasileiro cresceu entre março de 2021 e 2022. 'Mas
quando olhamos apenas o crescimento da refeição
típica do brasileiro, o crescimento foi de até 34%, como
em Porto Alegre', explica a economista responsável pelo
estudo.

O levantamento explicita que os preços dos bens
essenciais ao brasileiro, como a comida diária, por
exemplo, têm crescido bem acima da inflação. 'A
refeição típica avançou o dobro do IPCA. AÀ isso se
soma o fato de que o brasileiro não tem conseguido
aumentar o valor do seu salário. Seria como dizer que,
para comer um prato típico, o brasileiro gasta 23% a
mais do que 12 meses atrás, sem ter um salário mais
alto', explica.

A pesquisa demonstra ainda que o preço do prato feito
varia entre as capitais. 'Por regiões, há algumas
diferenças, mas em todos os casos a inflação da
refeição típica está acima da média. Em Porto Alegre,
foi registrado o maior avanço, de 34%; na outra ponta
está Belém, Pará, com avanço de 15%. Em São Paulo,
a alta foi de 23%', avalia Marcela Kawauti.

O problema está na fonte de um dos maiores debates
nacionais: os combustíveis, que tiveram aumento de 33,
33% nos últimos 12 meses. De acordo com o IPCA, no
mesmo período, a cenoura subiu 166, 17%; o tomate,
27, 22%; a cebola, 10, 55%; e a alface, 8, 87%.

'A inflação desde o ano passado tem um componente
muito perverso: foi concentrada em alimentação,
energia elétrica e transporte. São coisas que ninguém
consegue deixar de fazer e acabam pesando no bolso
da renda mais baixa que não tem margem de manobra
no orçamento', explica.

A renda média do brasileiro ficou em R$ 2. 489 no
trimestre encerrado em janeiro de 2022, de acordo com
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua (PNAD Contínua), divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A
população desocupada está em 12 milhões de pessoas.
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