Clipping Jornais - Banco Central (2022-04-24)

(Antfer) #1

Renata Cafardo - Quem confia no Enem desse MEC?


Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Metrópole
domingo, 24 de abril de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Renata Cafardo


O desmonte é tamanho que a impressão é a de que o
Ministério da Educação (MEC) já ruiu e agora só pode
voltar a funcionar em 2023, em um próximo governo. A
reboque dos pastores, da Bíblia e do ouro, vieram as
obras paradas, escolas fake, ônibus escolar su-
perfaturado. Mas a educação brasileira ainda precisa
ficar oito meses nas mãos dessa turma e, no meio do
caminho, há um Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem).


A prova, além do desenho e metodologia complexos,
que muita gente no MEC não entende até hoje, é
esperança de futuro para milhões de jovens no País.
Define vagas em todas as federais e na Universidade de
São Paulo (USP), entre muitas outras. Em meio às
denúncias de corrupção, o Inep, que faz parte do MEC e
já havia passado pela maior crise da sua história em
2021, avisou que quer usar questões repetidas no Enem
este ano porque tinha acabado o estoque de perguntas.


Mesmo no meio dessa tempestade, o governo
Bolsonaro preferiu fingir que estava tudo bem e


oficializou o secretário executivo do ex-ministro Milton
Ribeiro, Victor Godoy, como titular do MEC. Apesar de
ele ter estado nas reuniões com pastores e prefeitos, a
'equipe de marketing' do presidente julgou que o nome
de Godoy não havia aparecido fortemente nas
denúncias na imprensa. Dava então para continuar
tocando o barco de mãos dadas com o Centrão e jogar
tudo nas costas dos pastores.

E como fica a credibilidade de um exame que define as
vagas das melhores universidades do País feito por
esse MEC? Técnicos do Inep explicaram que usar
questões de outros anos, como quer a gestão atual,
pode comprometer os parâmetros da prova.

Para cada pergunta do Enem há um 'comportamento'
esperado a partir de pré-testes sigilosos, algo que muda
muito quando uma questão já foi usada. A calibração da
prova é prejudicada, pode ser enviezada. E é daí que
vem a nota do aluno - e não de uma contagem simples
de quantas questões foram acertadas. A ideia de repetir
perguntas pode deixar menos precisas as notas e as
listas de aprovados.

E isso tudo porque, nos últimos anos, o governo
Bolsonaro se ocupou em barrar, por ideologia ou
ignorância, questões de um banco de itens já conhecido
por ser escasso. Colocou gente no Inep que nada sabe
de estatísticas e avaliações e não investiu em novas
perguntas e pré-testes. E ainda minou um corpo técnico
que há anos vinha construindo um órgão essencial para
auxiliar as políticas públicas de educação. Apesar da
sensação de terra arrasada, infelizmente, muita coisa
pode ainda dar errado no MEC.?

É REPÓRTER ESPECIAL DO'ESTADO' E
FUNDADORA DA ASSOCIAÇÃO DE JORNALISTAS
DE EDUCAÇÃO (JEDUCA)

Em meio às denúncias, Inep diz que quer repetir
questões usadas em outros anos

COLUNISTAS
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