Clipping Jornais - Banco Central (2022-04-24)

(Antfer) #1

Samuel Pessôa - Economia mundial segundo o FMI


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
domingo, 24 de abril de 2022
Banco Central - Perfil 1 - FMI

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Autor: Samuel Pessôa


Em abril, o FMI divulga seu cenário da economia
mundial para os próximos anos. O cenário do ano será
atualizado em outubro próximo. A tabela acima
apresenta, para três intervalos de tempo e para diversos
grupos de países, o que aconteceu, desde o início do
século, e o que ocorrerá, até 2027.


Nesse período, tivemos duas grandes crises
econômicas globais. A grande crise financeira global
(GCFG), produzida pela quebra dos bancos americanos
por causa da inadimplência das hipotecas nos EUA, ; e
a crise econômica produzida pela pandemia.


Na primeira linha da tabela vemos como as crises
afetaram o crescimento da economia mundial. No
período conhecido como 'a grande moderação', de 2000
até 2007, a economia mundial cresceu 4, 5% ao ano.
Após a GCFG, o mundo cresceu 3, 3%, 1, 2 ponto
percentual abaixo do crescimento do período anterior.


O bom desempenho na grande moderação
aparentemente teve algum grau de artificialidade. A


economia mundial nunca mais conseguiu retomar
aquele ritmo.

Diferentemente, a crise econômica produzida pela
pandemia não parece ter deixado grandes marcas no
funcionamento da economia. Se entre 2008 e 2019 a
economia global cresceu 3, 3% ao ano, segundo a
projeção do FMI, entre 2020 e 2027 (tomando como
base 2019, o ano anterior ao intervalo de tempo
considerado), o crescimento será de 2, 9%, só o0, 4
ponto percentual (pp) menor.

Metade da desaceleração de 0, 4 pp deve-se à redução
do crescimento da China de 3 pp (8% de 2008 até 2019
ante 4, 9% para o período 2020 até 2027). Como a
economia chinesa na média representou uns 15% da
economia mundial, uma queda de3 pp retira o, 2 pp do
crescimento do mundo. A desaceleração da China é
natural em uma economia cujo crescimento se deve
menos ao crescimento da indústria de transformação e
mais ao dos serviços.

O 0, 2 pp adicional de queda, segundo o FMI, deve-se à
piora do desempenho das economias emergentes,
principalmente as da Europa e da África subsaariana.
Para a América Latina, o FMI não enxerga grande
desaceleração para o período 2020 até 2027 em
comparação ao período anterior. A grande perda de
desempenho da nossa região foi após a GCFG. Quando
olhamos as economias avançadas, o FMI projeta para o
período entre 2020 e 2027 uma leve aceleração em
relação a 2008-19, de 1, 4% ao ano para 1, 6%. Como
temos defendido na coluna, a crise da epidemia é fruto
de um choque exter no ao funcionamento da economia
e, portanto, não deixará marca permanente sobre a
atividade econômica. Para a economia brasileira, a
piora é marcante. Crescemos, entre 2000? 2007, 3, 6%
ao ano. No período seguinte, de 2008 até 2019,
crescemos 1, 6% e, segundo o FMI, rodaremos a 1, 4%
de 2020 até 2027. Nunca considerei que nosso bom
desempenho nos anos 2000 deveu-se ao choque
positivo do preço das matérias-primas. Elas ajudaram
bastante na receita pública, como temos visto, aliás, no
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