Clipping Jornais - Banco Central (2022-04-24)

(Antfer) #1

Arminio Fraga - Candidatos, qual sua proposta para o Brasil?


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
domingo, 24 de abril de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Arminio Fraga


A campanha eleitoral está aí. O clima anda quente, mas
oco, ou pior. Apresento aqui a título de exemplo uma
lista de temas que deveriam ser discutidos pelos
candidatos que já estão em campo e, quem sabe, por
uma candidatura alternativa de peso que venha a se
construir (gente, acordem!).


Vale a pena buscar inspiração em atributos comuns aos
países mais avançados, por definição os que tiveram
mais sucesso. Vejamos alguns: 1) o respeito ao Estado
de Direito e à democracia; 2) um sistema político
resiliente, que aprenda com erros e oriente a ação do
Estado; 3) instituições impar ciais e eficientes; 4) uma
economia razoavelmente previsível e tranquila, capaz
de lidar com os inevitáveis ciclos e crises do
capitalismo; 5) uma rede de proteção social robusta;



  1. foco em reduzir as desigualdades e viabilizar a
    mobilidade social e 7) foco na produtividade da
    economia.


A Constituição vai nessa linha, mas na prática não tem


sido exatamente assim. Começo pelo maior problema:
nossa democracia tem sido constantemente atacada e
questionada. Sinais claros são a fragilização dos
mecanismos institucionais de controle, ameaças ao
Judiciário, a autorização à posse de armas e munições
sem identificação, a truculência coma imprensa, com o
terceiro setor e com a ciência, a profusão de fake news,
questionamentos infundados às urnas eleitorais e
frequentes boatos e insinuações de golpe.

Não estranhem um economista abordar o tema. A
democracia é um princípio inegociável, pilar
fundamental

da nação. Afirmo com convicção que o atual quadro de
ataques às instituições inibe tremendamente o
investimento e o desenvolvimento do Brasil. Cabe a
cada candidato repelir essa situação de forma
inequívoca, concreta e pública, para que a democracia
não seja destruída pelas beiradas.

Nosso sistema político está disfuncional, pois espelha
uma estrutura partidária altamente fragmentada e, na
prática, despida de princípios que pautem a busca do
bem comum da nação. O troca-troca recente de
filiações partidárias e o funcionamento do processo
orçamentário, com suas emendas secretas, não deixam
margema dúvidas: não dá para ficar como está. Faz
falta a confiança de que o Brasil caminha na direção
certa, ainda que não em linha reta.

Não é fácil imaginar que o sistema vá se autorreformar,
mas é disso que o país precisa, sob uma liderança
amparada pelo voto da maioria. O crime organizado e a
falta de segurança vêm se alastrando pelo país. Como
afirmou recentemente nesta Folha Oscar Vilhena,
sofrem sobretudo os mais pobres, mas atingem também
os mais ricos, que tendem a investir menos no futuro do
país, quando não a emigrar. Muito a fazer aqui. Com a
pandemia, os holofotes se voltaram para o SUS, dando
merecido destaque a seus importantes sucessos, mas
deixando claro que faltam recursos para que se possa
cumprir com o preceito constitucional da universalidade
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