Claudia - Edição 696 (2019-09)

(Antfer) #1

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claudia.com.br setembro 2019 97


De que forma podemos
modificar a maneira como
educamos nossas filhas para
que elas cresçam corajosas?
Primeiro, temos de reconhecer que
elas nos observam, seguem nossos
comportamentos, nos copiam. Ne-
cessitamos de uma mudança interna
somada a um trabalho com nossas
meninas. Um exemplo? Deixar que
elas brinquem, se sujem, sigam suas
paixões. Mostrar que não é preciso
ser a número 1 na aula de natação,
de futebol, de ginástica, mas, sim,
curtir, fazer o que ama.

O que dizer e o que não
dizer para as meninas?
Isso me faz lembrar de uma amiga
que tem uma bebê. Ela ficava o tempo
todo atrás da menina, que estava
começando a andar, dizendo: “Cui-
dado, querida; cuidado, querida”. Eu
ouvia e pensava que ela devia falar:
“Vai, menina; vai, menina”. Pare de
proteger sua filha, deixe que ela se
desafie física e emocionalmente.

O exemplo do pai também
é importante?
Acho que, nesse caso, é o da mãe,
porque as meninas replicam aquilo
que nós somos e como nos tratamos.
Nós, mães, somos mais protetoras das
filhas do que os pais.

Como você vê a transformação
das meninas no Girls Who Code,
que você criou?
Estamos no caminho de tirar a lacuna
de gênero. Aumentamos o número de
meninas interessadas em ciência da
computação. Já são 185 mil garotas
nos Estados Unidos. Acabamos de
lançar o projeto no Reino Unido, na
Índia e no Canadá. Fui à Jordânia
recentemente e me encontrei com
refugiadas para pensar em como
podemos ensinar programação lá.
Construímos um movimento global
para ter garotas aprendendo a codi-
ficar um programa de computador.
Mas a maior questão por trás disso é
que a gente tem que ensiná-las sobre
coragem, sobre como elas usam sua

Reshma Saujani
vem ao Brasil lançar
o livro Corajosa
Sim, Perfeita Não
(Sextante)

voz, como se sentem autoconfiantes,
acreditam em suas habilidades,
encontram suas paixões. Existem
tantas coisas que puxam as meninas
para trás... Entender sobre ciência
da computação é um superpoder
que elas podem ter e uma habili-
dade que todas deveriam aprender.
E ser corajosa em vez de perfeita
é outro tipo de ferramenta, de
competência, para que elas atinjam
todo o seu potencial.

Você tem planos de trazer
esse projeto para o Brasil?
Com certeza. Estou animada para ir
ao Brasil não só para o lançamento do
livro mas para aprender mais sobre
os interesses das garotas e quais são
as barreiras para as oportunidades.
Quando vou a um lugar, gosto de
conversar com as pessoas, saber o
que elas pensam. Todo país precisa
priorizar a educação das meninas,
porque sabemos que, quando a gente
educa o sexo feminino, melhoramos a
economia e todos ganham com isso.
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