Sabor. club [ ed. 33 ] | 57
PARA BEBER
Pretinho
é da pesada
De comunidade casca-grossa no Rio, ele foi feirante
e peão de obra até virar bartender sensação na cidade
O chacoalhar ritmado das coqueteleiras e o tilintar
de colheres bailarinas foram trocados naquela
noite pelos chocalhos e agogôs da Estação Primeira
de Mangueira, na primeira vez que Pretinho
Cereja, 23 anos, pisou na quadra da escola para
cantar, na letra do samba que se tornaria campeão
do Carnaval 2019, o enredo de sua vida: “Brasil,
meu nego, deixa eu te contar a história que a
história não conta, o avesso do mesmo lugar, na
luta é que a gente se encontra”.
No retrato de um país desigual, o jovem
nascido em Parada de Lucas, comunidade casca-
grossa na Zona Norte do Rio, levou a nota dez em
cadência, evolução e harmonia. Antes de ganhar
o apelido criando drinques com licor de cereja,
Pretinho era Douglas Henrique, ex-feirante que
conheceu o lado rico da cidade como ajudante
de pedreiro na obra de um bar, e acabou do lado
por Pedro Landim