Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-15)

(Antfer) #1

Ilusão à venda


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
domingo, 15 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 2 - Tribunal de Contas da União

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Entre os episódios que entraram para o folclore das
previsões bombásticas e nunca cumpridas do ministro
Paulo Guedes, da Economia, destaca-se a metade
arrecadar R$ 1 trilhão ou mais coma venda de todas as
empresas estatais.


É evidente que nunca se chegou perto da cifra,
calculada sabe-se lá como. Ainda na primeira metade
do governo, em agosto de 2020, o então secretário
especial de De-sestatização, Salim Mattar, deixou o
cargo devido à frustração com o andamento de seus
projetos.


Não é que a privatização tenha ficado inerte nos últimos
anos. De acordo com o boletim oficial mais recente, em
setembro do ano passado contava-se a exorbitância de
158 estatais federais -ainda assim 51a menos que as
209 do início do governo Jair Bolsonaro (PL).


Essa redução, porém, deu-se basicamente por meio de
alienação, incorporação ou liquidação de subsidiárias,
não de empresas controladas diretamente pelo Tesouro
Nacional. No caso destas últimas, os empecilhos
econômicos, jurídicos e políticos são muito maiores.


É com tal realidade em mente que se deve encarar a
intenção manifestada pelo novo ministro de Minas e
Energia, Adolfo Sachsida, de fazer avançarem estudos
para a privatização da Petrobras -a maior companhia
brasileira, com patrimônio líquido de R$437 bilhões
apurado em março deste ano.

Egresso da equipe de Guedes, Sachsida é um
economista liberal que abraça o bolsonarismo na
política. Não partilha dos pendores in-tervencionistas do
presidente, decerto, e tampouco parece mais realista
que o ministro da Economia.

A venda da gigante petroleira não é factível no horizonte
do mandato de Bolsonaro, na suposição de que o
presidente esteja de fato disposto a levar a ideia
adiante. Mesmo se considerados prazos mais longos, a
tarefa é dificílima.

O governo sofre hoje para concretizar a privatização da
Eletrobras, proposta há quase cinco anos, ainda sob
Michel Temer (MDB), e alvo de múltiplas emendas do
Congresso e debates no Tribunal de Contas da União.
Podem-se esperar resistências muito mais amplas e
ferozes no caso da Petrobras.

Esta Folha é em princípio favorável à desestatização,
obviamente desde que o processo mire a eficiência
econômica e o interesse social. A condução de tal
empreitada depende de capacidade de convencimento
e negociação, o que está longe de figurar entre os
atributos da atual administração.

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Banco Central - Perfil 1 -
Paulo Guedes, Banco Central - Perfil 2 - Tribunal de
Contas da União, Banco Central - Perfil 3 - Tribunal de
Contas da União, Cenário Político-Econômico -
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