OSCELTAS 23
Alésia
Acampamentode
Vercingetórix
1 2 3
(^45)
6
7
8
9
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(^1211)
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16 15
18 17
(^1920)
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esperassem inimigos do Norte: cimbros e teutóni-
cos foram forçados a abandonar as suas próprias
povoações na península da Jutelândia, provavel-
mente devido a maus anos agrícolas. Talvez os
inimigos fossem outros grupos celtas. Iniciou-se
assim uma longa fase de declínio: um inventário
arqueológico sugere que Manching comprou
menos ânforas e fabricou menos peças cerâmicas
fortifi cadas com grafi te, que seriam importadas.
Talvez as rotas comerciais deixassem de ser
seguras. Os residentes de Dürrnberg também
passaram por uma crise nessa mesma época.
Será que o seu sal já não podia ser transportado
em segurança, conduzindo ao colapso dos seus
mercados de exportação?
Cerca de 50 a.C., a porta oriental de Manching
ardeu e nunca foi reconstruída. Ainda mais re-
levante é o facto de os residentes nunca terem
removido os escombros.
Na sua obra escrita mais famosa, César refe-
riu-se à campanha militar contra os celtas desta
época como Guerras da Gália. Combateu contra
os seus inimigos do Norte a partir de 58 a.C. Esta-
vam em jogo o seu poder sobre os territórios gá-
licos, bem como a sua fama, glória e o seu futuro
enquanto político. A vergonha, senão mesmo o
trauma, da derrota de Roma três séculos antes
ainda não tinham sido esquecidos. Para os cel-
tas, tudo estava em jogo. Conseguiriam viver em
liberdade ou tornar-se-iam mais uma província
romana, juntando-se aos seus reinos distantes
nos actuais territórios da Tunísia e da Líbia, zona
ocidental da Turquia e da Península Ibérica?
A BATALHA DECISIVA travou-se no Verão de 52 a.C.,
em Alésia, na região oriental de França, onde o
líder celta Vercingetórix se barricara com dezenas
de milhares de guerreiros. César e as suas tropas
construíram um gigantesco anel de fortifi cações
- estruturas de madeira e trincheiras – que cerca-
vam efi cazmente o seu alvo. Só então, numa época
de grande angústia, Vercingetórix conseguiu unir
grupos celtas isolados e rivais. Uma força com cerca
de 20 mil guerreiros de toda a Gália acorreu a socor-
rê-lo. Seguiu-se uma batalha feroz, mas os celtas
acabaram por se render às tropas romanas, tactica-
mente superiores e bem treinadas. César descreveu
a derrota celta com quatro palavras sucintas: “Ver-
cingetorix deditur arma proiciuntur” ou “Vercinge-
tórix rendeu-se, as armas foram depostas”.
A derrota celta não foi apenas uma vitória mi-
litar romana. Antes do início do século I a.C, os
romanos tinham fundado províncias no Sul de
França,fortalecendoos laçoseconómicos com
determinadaszonasdaGália.Ocomérciodevi-
nhoe deoutrosprodutosaumentou.Algumasal-
deiasceltascentraisfloresceramcomoentrepos-
toscomerciaismesmoapóso finaldasGuerrasda
Gália.Oprogressorevelou-setãolucrativoparaos
comerciantesromanoscomoparaosceltas.
No entanto, como descobriu Sabine Hor-
nung,arqueólogae professoranaUniversidade
deSaarland,o mesmonãosepassouemtodoo
lado.AfortalezadomontedeOtzenhausen,na
regiãoocidentaldaAlemanha,começouporser
umpovoadodepequenasdimensões.Porvolta
de 100 a.C.aumentoudetamanho,tornando-se
umgrandecentro,mas 50 anosdepois,entrou
emdeclínioe poderátersidoabandonado.Hor-
nungcrêqueosseusmoradorestalvezpartissem
devidoà fomecausadapelosromanosouperdi-
doa sualigaçãoaoprogressodevidoà localiza-
çãogeográficamarginaldopovoado,noterritó-
rioorientaldoTrevericelta.
Mudanças económicas ocorridas no período
tardioresultaramnumamigraçãogeneralizada.
Ascomunidades mudaram-separa novos cen-
tros,à semelhançadoquehojeacontece,quando
aspessoassedeslocamdaszonasruraisparaas
grandescidades.
AsGuerrasdaGáliaentreromanose celtas
decorreramentre 58 e 51a.C.Aguerraacabou
coma batalhaporAlésia,naBorgonha.César
ordenoua construçãodeumcomplexoanelde
fortificaçõesemredordacidade,queincluía
acampamentos,paliçadase trincheiras.
Acampamento de infantaria romano
Acampamento de cavalaria romano
Acampamento romano na colina
Trincheira, seis metros de diâmetro
1–23 Torres
(Continua na pg. 28)