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Na última década, registou-se uma notável re-
cuperação da vida selvagem em África. Foram
reintroduzidas espécies há muito desaparecidas,
como o órix-de-cimitarra, em zonas correspon-
dentes à sua distribuição histórica. Nos últimos
dois anos, a GCF coordenou três translocações
adicionais de girafas, incluindo duas no Parque
Nacional das Cataratas de Murchison, no Uganda.
No Níger, uma avaliação dos potenciais habi-
tats do país determinou que o local mais seguro
para instalar uma segunda população de girafas
nigerinas seria um território desabitado de um
milhão de hectares em Gadabedji, uma zona
no centro do país classificada como reserva da
biosfera que é igualmente um hot spot para abu-
tres e gazelas – há 50 anos, era também o habitat
dos antepassados destas girafas.
Certo dia, desloquei-me à aldeia de Kanaré
para conversar com o chefe local, Hamadou Ya-
couba. Sentados sob a copa frondosa de uma ár-
vore, ele explicou-me que “as girafas são conside-
radas animais domésticos aqui. Deus pôs aqui as
girafas e nós vivemos com elas. Os outros países
não receberam girafas. Nós sim”.
Kanaré tem beneficiado de algum turismo
relacionado com as girafas e de um fundo de
desenvolvimento local criado por conservacio-
nistas internacionais. No entanto, dada a activi-
dade do Boko Haram na zona oriental do país e
as filiais da al-Qaeda no Norte e no Oeste, o tu-
rismo abrandou consideravelmente. As girafas
foram visitadas por apenas 1.700 turistas no ano
passado, na sua maioria habitantes abastados de
Niamey que passavam aqui o dia.