National Geographic - Portugal - Edição 223 (2019-10)

(Antfer) #1
GIRAFAS 69

pridas dos animais já não conseguem chegar,
fazendo, por isso, sentido que o pescoço longo
se tivesse desenvolvido para garantir acesso a
um nicho alimentar indisponível para espécies
mais baixas. No entanto, alguns investigadores
sugeriram que o pescoço comprido da girafa
cumpre uma função na selecção sexual. A sua
principal vantagem não é alcançar os pontos
mais altos das árvores, servindo antes para os
machos lutarem entre si de forma mais eficaz,
usando as cabeças vacilantes, equipadas com
crânios extremamente espessos, quando com-
petem pelas fêmeas na época do cio. Ou talvez o
pescoço comprido da girafa sirva simplesmente
para dar a este animal bastante indefeso uma
posição estratégica alta, que lhe permita exami-
nar o horizonte em busca de predadores.


O misterioso silêncio da girafa está indubita-
velmente associado ao pescoço comprido. As gi-
rafas quase nunca emitem sons e não comunicam
entre si através de qualquer tipo de sinal audível
pelos seres humanos. O seu silêncio é particu-
larmente estranho tendo em conta que são ani-
mais sociais que vivem numa sociedade na qual
grupos de indivíduos se juntam frequentemente
durante algum tempo para depois se separarem.
Outras espécies com sociedades semelhantes,
como os elefantes e os chimpanzés, tendem a ser
comunicadores loquazes. Isto levou alguns inves-
tigadores a sugerir que as girafas talvez emitam
infrassons de baixa frequência para comunicar
entre si à distância (semelhantes aos sons de bai-
xa frequência dos elefantes), mas até à data as
provas não foram conclusivas.
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