118 REVISTAVOX.COM | ABRIL 2019
assemelhar a uma criança humana,
com perspectiva realista – que Fabíola
deixou sua profissão para se tornar
uma artista reborn ou cegonha, como é
também conhecida a profissão.
“Conheci essa arte e pensei que
poderia dar certo. Não foi fácil. Fiz
algumas bebês que não me agradaram,
fiz curso online e presencial também.
Fui aprimorando a técnica. Tive muitas
encomendas no final do ano passado
e até o momento continuo tendo, foi
o que me encorajou a exonerar meu
cargo”.
Atualmente, Fabíola faz e vende as
bonecas, confeccionadas manualmente
por um processo delicado e minucioso.
“Compro um molde que é o formato
do rostinho da boneca; faço a pintura
que é algo bem detalhado, mais de 12
camadas de pintura e a cada camada
vai para o forno de halogênio. A cliente
pode escolher caso queira alguma
manchinha, marcas de corte de unhas,
marca de vacina, teste do pezinho; cor
dos olhos, dos cabelos, se quer liso,
enrolado, ralinho ou mais cheio. É uma
arte minuciosa, que exige paciência,
pois a riqueza nos detalhes torna o
bebê mais real”.
E para a surpresa de quem pensa
que bebê reborn é coisa de criança,
Fabíola conta que atende pedidos de
muitos adultos. “As encomendas não
vêm apenas de crianças, tenho clientes
adultas, senhoras. As mães compram
para suas filhas, mas as filhas também
compram para suas mães”.
Com o novo trabalho, Fabíola
conseguiu unir o útil ao agradável.
“Tenho uma fonte de renda talvez
melhor do que antes, posso estar mais
perto da minha filha e fazer algo que
me apaixonei. Não que não gostasse da
enfermagem, mas priorizar a família
foi o principal”, destaca.
De enfermeira para cegonha, Fabío-
la adianta: “sou muito feliz”. “Amo ver
pronto aquele bebê que fiquei dias
trabalhando, com cheirinho de bebê e
tudo o mais, é gratificante ver a cliente
satisfeita”, completa.
E tem como não gostar de trabalhar
com tantas fofuras? “Fazer bonecas é
mágico, afinal sempre amei bonecas e
poder fazê-las é muito bom. É traba-
lhar com algo literalmente fofo, bonito e
delicado”, finaliza.
VIDA NOVA EM TUPÃ
Formada em direito pela UNIC
(Universidade de Cuiabá), Mirela
Simões Gabriel, 38 anos, decidiu não
só mudar de profissão, mas também
de cidade e estado. Foi em Tupã que ela
começou seu trabalho como esteticista.
Antes disso, trabalhou como secretária
assessora de sua tia, juíza na Vara de
Tráfico de Drogas em Cuiabá, capital
do estado de Mato Grosso, durante
quatro anos.
Nesse tempo, ela conta que passa-
va horas estudando para concursos
públicos na área. Em 2007, houve
uma decisão do Conselho Nacional de
Justiça de que parentes não poderiam
mais trabalhar juntos (Nepotismo). Foi
aí que as coisas começaram a mudar
em sua vida. “Eu estava em Tupã para
o nascimento do meu sobrinho. Então
já resolvi não mais voltar para Cuiabá”,
lembra Mirela.
Mesmo assim, ela insistiu por mais
algum tempo nos estudos. Mas preci-
sava bancar cursos e provas. “Decidi
mudar porque precisava de recurso
para continuar prestando os concur-
sos que apareciam e também para os
cursinhos. Para conseguir recursos,
resolvi aprender a depilar, já que era
algo que sempre gostei, mas não tinha a
técnica”, conta.
Mirela decidiu aprender com sua
“O que me deixa feliz
no trabalho é fazer algo
que eu realmente
gosto muito...”,
Mirela Simões Gabriel