tem ainda mais
valor e desta-
que.
A arte do
trabalho manu-
al atravessou
gerações mesmo
com a força da
industrialização
e da modernida-
de. E cá entre nós, a artesanalidade
é a cara do Brasil e da região. A
VOX apresenta histórias de artistas
exemplos de talento onde vivem, na
região e até no país.
IVONE AGOSTINHO ROSA
Um olhar experiente
de quem tem o prazer de
esculpir
A técnica de moldar objetos
tendo a argila como matéria-prima,
além de fonte de renda é a terapia
da artista Ivone Agostinho Rosa, a
dona Ivone, carinhosamente conhe-
cida. Aos 78 anos de idade, ela mora
em Tupã e trabalha com
argila há mais de 20 anos.
Antes de dominar a arte, a
artista se dedicou ainda à
pintura.
“Sempre gostei de ar-
tes, desde criança. Gostava
de pinturas e em 1981 co-
nheci uma professora que
chegou em Tupã. E foi aí
que comecei a pintar. Por
outro lado, sempre tive
vontade de trabalhar com
argila. É algo fantástico:
você pega o barro e desse
barro faz o que quiser. Dá
prazer, tira o estresse e é
relaxante”, revela.
A artista conta que fez
alguns cursos para apren-
der a manusear melhor a
argila. Durante um tempo,
chegou a trabalhar em um
ateliê, onde teve a opor-
tunidade de ampliar seus
conhecimentos, desenvol-
ver trabalhos desafiadores e tornar
seu nome mais conhecido.
As peças assinadas por Ivone es-
tão espalhadas pela região e até mes-
mo pelo Brasil, já que criou diversas
peças souvenir de Tupã que carrega o
título de Estância Turística. A artista
nunca calculou quantas peças já
criou, mas tem bem vivo na memória
o prazer de concluir cada trabalho, a
maioria já entregue aos clientes.
Segundo ela, cada novo trabalho é
desafiador, especialmente agora, com
seu retorno ao universo da argila
após um período afastada por mo-
tivos de saúde. A artista passou por
uma cirurgia delicada e mesmo nos
momentos difíceis encontrou ânimo
para continuar.
“São muitos os trabalhos, mas
precisei dar uma pausa. Agora
retorno, inclu-
sive ensaiando
para fazer peças
que já tenho em
mente. Minha
inspiração vem
da rotina, de
pensamentos ou
acontecimentos
ao meu redor.
Penso em fazer a figura humana, com
detalhes perfeitos”, completa.
Das obras mais desafiadoras, a
artista fez a escultura de um índio.
“Nunca tinha feito. Foi um desafio,
um processo demorado. Mas temos
uma vantagem: se não está bom, você
pode corrigir, desmanchar e fazer de
novo”.
Apesar disso, manusear o barro
não é tão simples. A artista de Tupã
destaca as principais etapas do pro-
cesso com a argila. “Tem a monta-
gem do barro, secar e quanto estiver
bem seco é passado para a queima e,
em seguida, a pintura”.
Desde o início dos trabalhos,
dona Ivone já vendeu centenas de
peças. A artesã chegou a ser uma
das únicas em Tupã a vender souve-
nir com características da Estância
Turística em argila. “O
prazer do artista é vender
a obra, porque quando a
pessoa compra é sinal de
que gostou, e é gratifican-
te”, declara.
Ela ainda revela o que
não pode faltar para um
artista. “Dedicação. Tem
que gostar, ter criatividade
e tempo para se dedicar”.
Para Ivone, o trabalho
manual pode até ajudar
pessoas que enfrentam
dificuldades. “A arte mexe
com a gente e eleva o
espírito, é aquilo que vem
de dentro. A arte renova e
engrandece porque pode
colocar sua criatividade
para fora, criar aquilo que
vê, pensa, deseja e quando
você faz um trabalho e vê
ele pronto, é satisfatório
por mais simples que
seja”, conclui.
“A arte renova e engrandece porque pode colocar sua
criatividade para fora, criar aquilo que vê, pensa, deseja e
quando você faz um trabalho e vê ele pronto, é
satisfatório por mais simples que seja”.
Ivone Agostinho Rosa
DEZEMBRO 2018 | REVISTAVOX.COM 139