DEZEMBRO 2018 | REVISTAVOX.COM 37
vida e o quanto acredita no poder da
arte. Ela explica que foi uma criança
tímida e fechada e que vê muitas
crianças com o mesmo perfil se
transformando por meio da dança,
assim como ela.
“O que o ballet traz é
grandioso demais para
pontuar, não é apenas
uma atividade física é algo
transformador. As crian-
ças que fazem ballet são
proativas, disciplinadas e
compromissadas. Espero
poder continuar a trans-
mitir essa arte por muitos
anos e fazer a diferença na
vida das pessoas”.
EXPERIÊNCIAS SEM
FRONTEIRAS
A dança é uma das
formas de arte que possi-
bilitam um grande inter-
câmbio de experiências.
Através dela é possível
conhecer lugares distantes,
pessoas e culturas diferen-
tes das nossas. Que o diga
Guilherme Nunes. Natural
de Adamantina hoje o
mundo é sua casa.
Fascinado pela dança
ele iniciou seus estudos aos
12 anos com a professora
Eveline Gualti, de quem se
recorda com muito afeto.
“Ela foi minha primeira
professora de dança, e
foi onde tudo começou, a
partir daí não parei mais”,
lembra.
Aos 14 anos se mudou
para Campinas onde de
fato deu início a sua carrei-
ra como bailarino profis-
sional. Primeiro vieram
os estudos de jazz e ballet
clássico, técnicos e exigen-
tes. Depois foi apresentado
a sua grande paixão, o ballet contem-
porâneo.
“Eu digo que comecei a dançar
quando fui pra Campinas, lá encon-
trei o suporte que precisava para
minha preparação enquanto baila-
rino profissional. O estudo da dança
é complexo, difícil e envolve muita
técnica, o que é fundamental para se
desenvolver nessa arte”, afirma.
Quando tinha 19 anos foi sele-
cionado entre 350 pessoas durante
uma audição para ir dançar em uma
companhia de Veneza, onde ficou por
oito meses. “Voltei de Veneza mais
maduro, com mais experiência. Nessa
época passei a ministrar aulas de
dança contemporânea e voltei para
a Packer Cia de Dança, onde tinha
começado minha carreira”.
Desde então o jovem bailarino não
parou mais. Entrou para companhias
profissionais de dança, ganhou diver-
sos prêmios como bailarino, coreó-
grafo e se apresentou em renomados
palcos.
Em 2015 veio mais uma
grande oportunidade, desta
vez em Berlin, passou três
meses se aperfeiçoando e
quando voltou ao Brasil
mudou-se para São Paulo.
Atualmente o adaman-
tinense faz parte do corpo
de ballet da Cia Druw e
ministra aulas de dança
contemporânea no estú-
dio Opus em Campinas,
assim como ballet e dança
contemporânea em outras
escolas de São Paulo.
“Criei esse grupo de
dança contemporânea na
Opus em 2012, e mesmo
morando em São Paulo vou
até Campinas todo final de
semana para trabalhar com
eles. Lá tenho alunos dos 17
aos 57 anos, é simplesmen-
te incrível o trabalho que
desenvolvemos. Ganhamos
diversos prêmios, muitos
em primeiro lugar. Meu
trabalho na Opus já me
rendeu diversos prêmios de
melhor coreógrafo”.
Quanto antes se começa
na dança melhor. Porém,
quanto mais jovens, mais
inseguranças e dificulda-
des a própria idade traz.
Além da dificuldade que a
própria dança impõe, sa-
bemos que poucos homens
seguem carreira no ballet,
e que nossa cultura mui-
tas vezes olha com certo
preconceito para os me-
ninos que optam por esta
carreira.
Guilherme começou muito jovem,
na pré-adolescência, mas afirma que
nunca se deixou abalar com o pre-
conceito apesar de reconhecer que
ele existe sim, principalmente em
pequenas comunidades ou cidades
mais tradicionalistas.
“Se aproxime da arte, procure estar
em lugares onde a arte tem espaço.
Não espere acontecer, vá de
encontro ao seu sonho”.
Guilherme Nunes