Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-25)

(Antfer) #1

Além da Petrobras


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
quarta-feira, 25 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Jair Bolsonaro (PL) e seus adeptos lançaram nova
ofensiva da campanha para conter -ou parecer que
tenta conter- os preços dos combustíveis e da energia
elétrica.


O governismo abriu mão de impostos, com aumento da
dívida pública; quer impor cortes de tributos a estados e
municípios, suspender no Congresso reajustes de
energia elétrica e ensaia promover um tabelamento de
preços ao menos temporário na Petrobras.


Não foi por outro motivo que o candidato a reocupar o
Planalto demitiu o terceiro presidente da petroleira em
menos de quatro anos, no cargo havia meros 40 dias.
Bolsonaro cria instabilidade a fim de obrigar a direção
da estatal a segurar a alta dos combustíveis. Os
reajustes já têm sido espaçados.


O mandatário e sua trupe populista querem financiar a
aquisição de alguns pontos nas pesquisas de voto por
meio da apropriação de receitas de governos estaduais
e municipais, da redução forçada do faturamento da


Petrobras e da instabilidade do setor elétrico.

É incerto se a frente vai alcançar integralmente seus
objetivos. Seja como for, terá conseguido ao menos
difundir ainda mais a percepção de que estabilidade
administrativa, contratos, estatutos, leis e normas de
responsabilidade orçamentária correm risco no país sob
a atual administração.

A quarta mudança no comando da Petrobras é ato que
mistura incompetência com demagogia. Se o comando
de qualquer instituição é alterado com tamanha
frequência, as escolhas do presidente são também más
ou irresponsáveis.

No caso, trata-se da maior empresa e maior investidora
do Brasil, produtora de um insumo crucial para a
economia e de mercadoria de peso nas exportações. É
decisão que afeta a imagem econômica do país,
acionistas (entre eles o próprio Tesouro Nacional),
credores e outros tantos participantes do mercado,
como importadores de combustível.

Um tabelamento informal pode até mesmo afetar o
abastecimento, em parte importado.

Pelas normas da companhia, o novo indicado para
presidir a Petrobras, Caio Mário Paes de Andrade, não
apresenta um currículo com os requisitos necessários
para ocupar o cargo. Ainda que o nome venha a ser
aprovado, não se diz com que objetivos assumiria a
empresa, além daqueles do interesse político de
Bolsonaro.

Não se veem mais programas ou diretrizes de
administração para a petroleira. Mas não só para ela: a
política econômica parece rendida ao imediatismo de
um projeto de estelionato eleitoral.

COLUNISTAS
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