Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-26)

(Antfer) #1

MERVAL PEREIRA - Piada pronta


Banco Central do Brasil

Jornal O Globo/Nacional - Opinião
quinta-feira, 26 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 2 - TCU

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Autor: MERVAL PEREIRA


Quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decretou a
parcialidade do ex-juiz Sergio Moro nos processos
contra o ex-presidente Lula, e, um atrás do outro, em
diversos pontos do país, eles foram sendo arquivados,
logo surgiu a pergunta que não queria calar, uma piada
crítica ao absurdo da situação: 'E o dinheiro devolvido
graças aos acordos obtidos na Operação Lava-Jato terá
de ser restituído a seus donos?'.


Parecia provocação, mas, sim, é verdade. Já há
advogados defendendo que, com os processos
arquivados e Moro considerado parcial pelo STF, é
possível pedir o dinheiro de volta ao Estado. Para ter
noção da situação surreal, apenas um gerente da
Petrobras, Pedro Barusco, devolveu à Petrobras R$182
milhões desviados no esquema montado pelo governo
petista. Virou medida de corrupção, um barusco.


Pois o país da piada pronta bateu seu recorde com a
ação popular ajuizada por representantes do PT contra
Moro, acusando-o de ter provocado prejuízos ao país ao
'manipular a maior empresado Brasil, a Petrobras, como


mero instrumento útil ao acobertamento dos seus
interesses pessoais'. Quer dizer, alegam que foi o
trabalho da Justiça que prejudicou a Petrobras, e não os
roubos cometidos por executivos e políticos.

Segundo os autores da ação popular, a atuação do
então juiz prejudicou não apenas a economia do país,
mas também a vida dos trabalhadores da estatal e de
outras subsidiárias, como a Braskem. O interessante é
que não se viu, à época em que os crimes cometidos na
Petrobras foram revelados, nenhuma marcha
sindicalista protestando contra o assalto à empresa.

O balanço da Petrobras em 2014 mostrou uma perda de
R$ 6, 2 bilhões só com a corrupção. A maior parte
desse roubo (55%), segundo o documento oficial,
ocorreu na área de Abastecimento, comandada pelo
famigerado Paulo Roberto Costa. Outros R$ 150
milhões referem-se a pagamentos indevidos de
empresas não citadas na Lava-Jato. Ao calcular as
perdas com corrupção, a estatal concluiu, 'com base
nos depoimentos tornados públicos', que o esquema de
pagamentos indevidos funcionou entre 2004 e abril de
2012.

Em 2015, o então presidente da empresa, Aldemir
Bendine, mais tarde também condenado a oito anos de
prisão por corrupção na própria Petrobras, pediu
desculpas e disseque'agente pode até entender que
esse número provisionado foi conservador'. O prejuízo
líquido de R$ 21, 6 bilhões em 2014 foi o maior da
Petrobras desde 1991. Durante o governo Dilma
Rousseff, a Petrobras bateu seu próprio recorde e
registrou o pior prejuízo da sua história: nada menos
que R$ 34, 8 bilhões.

O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou, sob a
relatoria do ministro Benjamin Zymler, estudo sobre
prejuízos causados pelo cartel que atuou em
contratações da Petrobras entre 2004 e 2012. Essa
associação de empreiteiras era chamada de 'clube' e
comandada pelas seis maiores: Camargo Corrêa,
Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão e
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