Banco Central do Brasil
Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - A Fundo
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Janet Yellen
comunicação, eles controlam grande parte do governo,
os escritórios corporativos são dominados pela ideologia
'lacradora', assim como nossas universidades.'
DEMOCRATAS. Alguns democratas, enquanto isso,
afastam-se explicitamente dessas lutas. 'Você quer
guerra cultural? Não sou seu candidato', afirmou o
deputado Tim Ryan em um vídeo publicado pouco antes
dele vencer as primárias do Partido Democrata, em
Ohio, para a disputa do Senado federal - um vídeo no
qual ele também criticou a ideia de retirar o
financiamento da polícia. 'Você quer um lutador por
Ohio? Estou dentro.'
JD Vance, o republicano que enfrentará Ryan em
novembro, injetou uma dose pesada de ressentimento
cultural em seu discurso de vitória nas primárias, na
semana passada. Minutos depois de conquistar a
nomeação republicana, ele reclamou que o Partido
Democrata 'se ajoelha para as corporações americanas
e seus valores 'lacradores'' e previu que os eleitores de
Ohio se sentirão alienados pela esquerda.
Em uma breve entrevista enquanto fazia campanha no
município de West Chester, em Ohio, Vance criticou a
política identitária que, segundo ele, os políticos
democratas estão defendendo. 'A ênfase em raça,
gênero e orientação sexual por parte da esquerda é
uma distração que divide eleitores, que deveriam se unir
contra a intenção de poderosos interesses em impedir a
prosperidade das classes menos favorecidas', afirmou
Vance.
'Com muita frequência, o que é definido como
diversidade, equidade e inclusão é, na realidade, uma
desculpa para empobrecer o povo americano', disse
Vance ao Washington Post. Ele notou que os
democratas celebram o fato de Janet Yellen ser a
primeira mulher a chefiar a Secretaria do Tesouro, em
vez de debater se as ideias dela ocasionaram ou não
inflação.
CENÁRIO SOMBRIO. Pesquisas retratam um cenário
sombrio para os democratas a respeito de muitos
alicerces da guerra cultural. Setenta e um por cento
afirmam estar 'muito' ou 'extremamente' preocupados
com a imigração ilegal, segundo pesquisa recente da
Fox News, enquanto 73% afirmam estar 'muito' ou
'extremamente' preocupados com 'o que é ensinado nas
escolas públicas', de acordo com a sondagem.
'A noção de guerra cultural na política americana
remonta à resistência sulista à integração', afirmou o
professor de história Sean Wilentz, da Universidade
Princeton, que se estendeu sobre a estratégia de
Richard Nixon de atender a eleitores brancos
insatisfeitos dos Estados do Sul.
'Isso é muito eficaz', afirmou Wilentz. 'Eles têm
aperfeiçoado isso desde sempre, valendo-se de todo
tipo de ressentimentos sociais, ressentimentos culturais,
ressentimentos de classe e ressentimentos regionais.
Trata-se de uma política de mobilização de
ressentimentos.'
O envolvimento dos democratas com políticas
identitárias entrou no cálculo dos republicanos,
argumentou Wilentz. 'Tradicionalmente, o Partido
Democrata é o partido da integração e da inclusão, não
de identidades divididas', afirmou.
Alguns democratas reconhecem que seu partido ainda
não encontrou a melhor maneira de abordar questões
de raça, identidade e uma série de outros temas
relacionados a cultura.
'Os democratas precisam falar daquela promessa dos
Estados Unidos, da natureza extraordinária do país, do
senso de oportunidade e de esperança que os EUA
representam para milhões', afirmou o deputado Ro
Khanna, democrata da Califórnia, cujos pais emigraram
da Índia. 'Depois temos de falar: olha, enormes desafios
têm ocorrido. Um deles que cometemos 40 anos de
erros afastando o emprego, nos livrando da manufatura.'
DIFERENCIAL. 'Não acho que temos de fugir de
questões de raça ou cultura', acrescentou Khanna.
'Acho que devemos dizer o seguinte: o que torna os
Estados Unidos extraordinários é sermos uma nação
que não é fundada sobre sangue, não é fundada sobre