FOTÓGRAFO QUE FEZ PARTE DO CINEMA NOVO
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Jornal O Globo/Nacional - Segundo Caderno
sábado, 28 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autodidata, o fotógrafo carioca Pedro de Moraes
começou a carreira na revista Manchete e cobriu
grandes eventos políticos e culturais de 1950 a 1970.
Filho do poeta Vinicius de Moraes e da jornalista Tati de
Moraes, ele trabalhou com o Cinema Novo, assinando a
direção de fotografia de filmes de Joaquim Pedro de
Andrade ('Guerra conjugal' e 'Aleijadinho'), Glauber
Rocha ('A idade da Terra') e Mário Carneiro.
Além de ter fotos suas em exposições no Brasil e no
exterior, desenvolveu outros trabalhos, inclusive com o
pai, com quem publicou 'O mergulhador' (1968), livro
que reúne fotos de sua autoria e poemas de Vinicius.
Foi parceiro ainda do poeta Cacaso no livro 'Mar
mineiro' (1982).
A cineasta Lucia Murat conta que foi ele quem deu o
título do documentário 'Que bom te ver viva' (1989),
dirigido por ela. No filme, Lucia retrata tortura vivida
durante a ditadura militar.
- Conheci o Pedro quando eu era clandestina e
estávamos fazendo uma pesquisa de campo em Cabo
Frio. Ele disse: 'Você está fantasiada de guerrilheira,
assim você vai morrer, menina' - lembra a diretora. -
Anos depois, fui ao lançamento do livro de fotos dele
sobre 1968 e disse: 'Lembra de mim, Pedro? Não morri'.
Ele, então, escreveu na dedicatória no livro: 'Que bom te
ver viva'. Foi ótimo, porque eu ainda não tinha o título do
meu filme.
Pedro de Moraes morreu ontem, aos 79 anos. Estava
internado desde março na Casa de Saúde São José, no
Rio, após complicações decorrentes de uma bactéria
que contraiu. Ele deixa três filhos, Mariana, Julia e
Emílio.
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Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
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