LÍDICE DA MATA - Nuvens carregadas
Banco Central do Brasil
Revista Carta Capital/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: LÍDICE DA MATA
Nas últimas semanas, o Brasil passou por um nevoeiro
ainda mais denso do que o seu estado considerado
“normal” de nuvens carregadas vivido nos últimos três
anos, após a ascensão de Jair Bolsonaro ao poder.
Encontros estranhos entre ministros e pastores, nova
ameaça de golpe vinda do Palácio do Planalto, agora
com apoio mais explícito de parte do alto escalão das
Forças Armadas, e o absurdo perdão do presidente da
República ao criminoso Daniel Silveira, condenado pelo
Supremo Tribunal Federal ao incitar a violência e pregar
ataques constantes à democracia.
Disse o filho Zero Três de Jair Bolsonaro, que aqui não
citarei o nome, que Silveira é um soldado que não
deveria ser abandonado. Ora, o ex-integrante da Polícia
Militar fluminense deve ser mesmo importante para a
família do presidente. “Soldados” como Sara Winter,
Gustavo Bebiano, os generais Santos Cruz e Rego
Barros, os irmãos Weintraub e o miliciano Adriano da
Nóbrega foram abandonados nesta guerra que os
Bolsonaro travam contra a democracia e as instituições.
O próximo alvo do Planalto será, sem dúvida, o sistema
eleitoral brasileiro. Vem aí uma eleição dificílima para
um País fragilizado pela sua economia em frangalhos e
por uma pandemia que matou mais de 660 mil
cidadãos, bem como por um governo que promoveu a
destruição de todos os pilares de civilidade e de
mecanismos que pudessem garantir elementos básicos
como a comida na mesa e o emprego para pais e mães
de família. O poder de compra do salário dos brasileiros
e brasileiras é o pior já visto desde o início do Plano
Real, há 28 anos. A carestia é algo que as gerações
mais antigas tinham lembranças remotas e as atuais só
conheciam nos livros de história.
Aliás, o negacionismo e a crueldade deste governo e
dos seus seguidores são tão grandes que eles buscam,
a todo momento, fazer um revisionismo dos fatos,
repetindo mentiras de forma exaustiva para consolidar
uma falsa verdade.
A falsidade parece ser o grande legado de Bolsonaro no
poder. Sua obsessão agora é deturpar completamente o
conceito da palavra liberdade. Em toda democracia, o
limite de qualquer autoridade é a lei, mas o atual
presidente da República e seus asseclas acreditam que
liberdade é poder cometer crimes sem que haja
qualquer punição. Isso vai desde gestos àqueles que
integram grupos de extermínio e massacram negros e