Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-28)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Internacional
sábado, 28 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

Há um presságio mais amplo, uma sensação de que o
período que acabamos de viver - as três décadas
passadas desde 1990 - pode ter sido um tempo
incomum, talvez uma era singular, na qual a política de
grandes potências e as tensões geopolíticas que
normalmente dominam e definem a vida internacional
estiveram ausentes. As inebriantes tendências dos
últimos tempos - globalização, revolução tecnológica e
democratização - foram tendências construídas sobre
uma fundação de poder, o status de superpotência dos
Estados Unidos. Mas essa força tem minguado há
alguns anos - após o Iraque, a crise financeira global, a
covid-19 - e agora tem sido afrontada, primeiro pela
China e depois pela Rússia.


POLÍTICA EXTERNA. Em meio a toda essa treva, há
um sinal claro de esperança. A Europa está agindo com
o maior senso de unidade e propósito que já vi. Todos
os líderes europeus com quem conversei acreditam que
a agressão russa foi o estopim de um tipo de revolução
em todo o continente. A União Europeia demonstrou
uma unidade notável em relação às sanções e está se
unindo também, lentamente, mas constantemente, em
relação à política energética.


Esses sucessos poderiam evoluir para uma
coordenação maior em relação à política externa e até
sobre defesa. Os europeus se deram conta, em um
nível fundamental, que consideravam paz e estabilidade
algo garantido e agora esses elementos podem ter de
ser gerados e sustentados por trabalho duro e
comprometimentos, em parte por meio da construção de
uma força potente e própria, a ser acionada
estrategicamente.


Esses debates sérios tratam de acabar com os
processos lentos e consensuais de tomada de decisão
na UE, que permitem que um único país, como a
Hungria, bloqueie esforços do bloco. O mais duradouro
legado desta crise poderá ser um novo papel para a
Europa, enquanto ator mais resoluto e estratégico na
arena internacional. Mas, para isso funcionar, essa
experiência de se unir contra a Rússia tem de funcionar.
Somente o sucesso é capaz de gerar mais sucesso. O


fracasso aniquilará esse experimento.

RESPOSTA. Os pais fundadores da União Europeia -
como Robert Schuman e Jean Monnet - eram
impregnados pela história e atuaram com determinação
para garantir que a guerra não voltasse a irromper na
Europa. Os atuais líderes europeus precisam impregnar
suas decisões cotidianas de um senso histórico similar.
Daqui a 50 anos, ninguém se lembrará se o crescimento
diminuiu por um par de trimestres em 2022 ou se
Bruxelas foi obrigada a pagar mais para importar gás
natural dos EUA. O que ficará na lembrança é a
resposta para uma única pergunta: quem venceu a
guerra na Ucrânia, Vladimir Putin ou o Ocidente? l
TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

O mais duradouro legado da crise poderá ser um novo
papel estratégico para a Europa no cenário global

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Banco Central - Perfil 1 -
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