Fernando Reinach. - Salamandras voadoras
Banco Central do Brasil
Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Metrópole
sábado, 28 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas
Clique aqui para abrir a imagem
Agora os cientistas descobriram uma salamandra capaz
de voar por curtas distâncias. Salamandras parecem
lagartixas, tem um corpo alongado, quatro patas e um
longo rabo. Mas não são répteis como as lagartixas,
mas sim anfíbios, como os sapos e as rãs. A Aneides
vagrans vive na copa das árvores mais altas do mundo
no norte da Califórnia. Ela tem 13 centímetros de
comprimento e, por não possuir pulmões, respira pela
pele. Por isso só sobrevive em florestas muito úmidas.
Faz tempo que cientistas que se aventuram no topo de
árvores de mais de 40 metros de altura observam que,
quando tocadas, não fogem correndo pelos galhos da
árvore: elas simplesmente se atiram lá de cima. Esse
comportamento aparentemente arriscado estimulou os
cientistas e estudar o salto dessas salamandras.
Um grupo de cinco salamandras foi capturado elevado
para o laboratório. Elas foram estimuladas a saltar de
um galho colocado sobre um túnel de vento vertical.
Esse equipamento é basicamente um tubo com um
ventilador na ponta de baixo. O ventilador pode ser
regulado de modo forçar o ar para cima na mesma
velocidade com que a salamandra cai. Assim é possível
saber a velocidade da salamandra dependendo de
como ela posiciona suas pernas e rabo. Como o tubo de
vento vertical é feito de vidro, câmaras colocadas do
lado de fora registraram os movimentos da salamandra
durante a queda.
O que os cientistas observaram é que essa salamandra
consegue controlar sua queda. Ela diminui a velocidade
de queda em até 10% estendendo as quatro pernas, um
efeito parecido com o obtido com um paraquedas. Além
disso, consegue planar, se deslocando na direção
horizontal durante a queda. Isso permite que ela dirija
seu corpo em direção a outro tronco ou em direção a
outra árvore. Após saltar, a salamandra consegue
escolher onde vai pousar, reduz a velocidade da queda
e controla sua trajetória, como saltador de asa delta.
A conclusão é de que essa salamandra desenvolveu a
capacidade de controlar seu salto e consegue se
movimentar de uma árvore para outra, usando voos
curtos e controlados. Só nos resta dar as boas vindas
ao primeiro anfíbio a controlar parcialmente seu
deslocamento pelo ar. A má noticia é que essa e muitas
outras salamandras estão sob risco de extinção.
Enquanto os cientistas tentam descobrir o que existe
delindo na natureza, outra parte da humanidade se
dedica a destruir os ambientes onde esses animais
vivem. e
Elas diminuem a velocidade de queda em 10%
estendendo as pernas, como se fossem paraquedas
COLUNISTAS
Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas