PRIVATIZAÇÕES - OS JABUTIS DA ELETROBRAS
Banco Central do Brasil
Revista Isto é/Nacional - Brasil
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes
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Autor: Gabriela Rölke
No início do mandato de Jair Bolsonaro, o ministro da
Economia, Paulo Guedes, prometeu que ao longo de
quatro anos arrecadaria R$ 1 trilhão com privatizações
de empresas estatais. Como não conseguiu vender
nada até agora, o governo faz, no apagar das luzes, um
esforço gigantesco para garantir a venda da Eletrobras,
em sua última chance de privatizar alguma coisa. Mas,
para isso, fará o País pagar um preço alto, de R$ 157
bilhões, que deriva de “jabutis” que o projeto de
privatização da empresa recebeu no Congresso. O
termo designa emendas parlamentares que não têm
relação direta com o texto principal do projeto em
apreciação, mas que foram introduzidas durante sua
tramitação, obrigando o governo a arcar com custos de
infraestrutura para facilitar a venda, sobretudo no setor
de termoelétricas. E quem vai pagar essa conta é o
consumidor, inclusive o de baixa renda, com o aumento
nos preços da energia elétrica.
Em tese, o objetivo da privatização de estatais é garantir
que essas empresas sejam mais eficientes, aumentem
a produtividade e elevem sua contribuição para a
economia brasileira. Afinal, empresas públicas têm uma
dose inevitável de ineficiência, entre outras razões por
serem suscetíveis a influências políticas na indicação de
nomes para seus postos mais importantes. A
privatização da Eletrobras, portanto, a princípio seria
positiva. “Mas não ao preço que o país está pagando”,
alerta o economista e ex-ministro da Fazenda, Mailson
da Nóbrega. “O alto preço que se vai pagar, e que
deriva desses jabutis, representará um encargo
permanente para os consumidores.”
O jabuti mais vistoso e de maior valor – R$ 100 bilhões
- é o que prevê a construção de gasodutos e que pode
beneficiar diretamente o empresário Carlos Suarez.
Conhecido como “Rei do Gás”, ele é sócio de oito
distribuidoras do combustível no país. O Centrão
trabalha para direcionar R$ 100 bilhões do lucro com a
exploração do pré-sal para custear a obra, que vai levar
o gás de Suarez de regiões remotas até os grandes
centros. A manobra foi apelidada de Centrãoduto.
Outros jabutis serão atendidos pelos R$ 57 bilhões,