Banco Central do Brasil
Revista Isto é/Nacional - Economia/Indústrias
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Juros
vacas gordas, as novas instituições começam a ser
mais atingidas pelo problema da inadimplência de seus
correntistas, afetados pela alta da taxa de juros.
Com foco na expansão dos clientes, os bancos, além
das contas sem tarifa e dos cartões sem mensalidade,
ganham oferecendo crédito com taxas variadas e
competitivas, mas agora precisam ver qual será o
resultado desse aumento de oferta de dinheiro e
computar o risco crescente de atrasos nos pagamentos.
“Cada vez mais as organizações vão depender de uma
análise de dados mais refinada e com mais informações
e de políticas muito mais flexíveis para enfrentar o
cenário de expansão do crédito versus o aumento da
inadimplência”, explica Fernando Guimarães, CEO da
Stone Age. Ele explica que o Open Banking, sistema de
compartilhamento de dados bancários, é uma boa
maneira para dar uma concessão de crédito mais
apurada e diminuir os riscos dos empréstimos.
Já para Lucas Domeneghetti, diretor de estratégia da
Xsfera, que oferece consultoria para o mercado
financeiro, o cenário nacional também precisa ser
levado em conta na hora de avaliar o desempenho atual
das fintechs. “Anos de eleições presidenciais costumam
trazer certa instabilidade e maior volatilidade no
mercado, o que se soma à alta da Selic, que reduz a
liquidez para capital de risco”, diz. “No momento os
investidores buscam ativos com maior segurança.”
Domeneghetti não acredita em uma “bolha de fintechs”,
uma vez que o mercado brasileiro ainda é concentrado
e a desintermediação da indústria financeira é um
caminho sem volta. “Ainda há espaço para novos
players, que precisarão ser mais eficientes e reduzir
seus custos”, completa.
Há ainda números positivos vindos das principais
fintechs. No próprio Nubank, para citar um exemplo, ao
mesmo tempo em que a desvalorização das ações até o
dia 23 era de 65,53%, o portfólio de serviços sujeito a
ganhos de juros subiu 343% em relação ao primeiro
trimestre de 2021. O número de clientes mais que
dobrou: agora são 59,6 milhões de correntistas, um
aumento de 55%. A questão agora é saber se com
esses ajustes de arestas e com o fim do entusiasmo
irracional das fintechs o mercado realmente encontrará
um lugar de conforto.
Assuntos e Palavras-Chave: Banco Central - Perfil 1 -
Juros, Banco Central - Perfil 1 - Selic