Banco Central do Brasil
Revista Isto É Dinheiro/Nacional - Negócios
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central
peculiaridades. A principal é a jabuticaba chamada
‘parcelado’, que não existe igual em lugar nenhum.
Outro ponto interessante, diferentemente do que as
pessoas pensam, é que o mercado financeiro brasileiro
é muito mais avançado e competitivo do que os outros,
como o europeu, que tem poucos concorrentes grandes.
O mercado de pagamentos no Brasil tem muitas
opções, o que faz a disputa pela entrega de produto de
maior valor agregado, com mais tecnologia, ser muito
mais ferrenha.
A maquininha ainda é importante e tem campo para
crescer no País? Hoje, apesar de todo o avanço das
formas de pagamento, estima-se que entre 40% e 45%
do consumo das famílias brasileiras seja feito no
dinheiro circulante. Por toda a tecnologia que temos, a
verdade é que nosso maior inimigo ainda é o dinheiro,
cash. Existe bastante espaço de penetração para as
maquininhas e outros pagamentos on-line.
O dinheiro circula mais pelo interior ou pelas capitais?
Temos presença forte fora dos grandes centros e isso
aconteceu organicamente. Nosso foco é nas micro e
pequenas empresas e nosso principal canal de
aquisição é o boca a boca, apesar de investirmos em
marketing. Nas regiões mais afastadas dos centros
funciona melhor. Nas capitais também tem muita
movimentação de dinheiro. Nosso escritório é perto da
[Avenida Brigadeiro] Faria Lima [importante centro
comercial e financeiro de São Paulo]. Ali perto tem uma
moça chamada Ana vendendo bolo e recebendo em
dinheiro.
Como ganhar mercado em que circulação de dinheiro
ainda é influente? Estamos próximos dos clientes e dos
potenciais clientes. Perguntamos: como a SumUp pode
te ajudar? Os clientes falam três coisas principais:
receber pelas vendas seja da maneira que for; ajudar na
organização da vida financeira, com linhas de crédito e
auxílio em investimentos; e atrair clientes para vender
mais. No quesito ajudar nos meios de pagamento,
estamos presentes em 90% da jornada. Na organização
financeira, temos avançado e estamos a 70%. Já na
ajuda a conquistar clientes, dois meses atrás estávamos
no zero e hoje estamos em 25%. Adquirimos uma
empresa chamada Fivestars [por US$ 317 milhões], do
Vale do Silício, que garante maior faturamento a partir
de soluções de pagamentos e de marketing para
pequenas empresas, com IA. No próximo ano estará no
Brasil. Oferecer comodidade, praticidade e utilização da
sua receita são diferenciais.
O Pix é vilão ou aliado das empresas de meios de
pagamento? Pix é aliado do mercado de meios de
pagamento, não um vilão. Apesar do Pix, a indústria de
cartão ainda cresce de 15% a 20% ao ano. Como temos
importante circulação de dinheiro vivo no consumo,
qualquer solução que ajude a digitalizar esse dinheiro e
a colocá-lo no mundo eletrônico é interessante para a
gente. Com o Pix as pessoas pagam contas, usam
banco digital...
Estamos com juros altos, inflação aumentando,
corroendo poder de compra da população. Como essas
questões macroeconômicas afetam o mercado de meios
de pagamento? Temos visto isso com preocupação. No
negócio de adquirência, grande porcentual das receitas
vem do adiantamento de recebíveis. Cliente parcela em
12 vezes e o empreendedor vai precisar antecipar esse
volume que tem para receber. Com aumento da Selic, a
margem [para as empresas de meios de pagamento] se
reduz. Há tendência do repasse do aumento dos juros
para o cliente. Entramos em dinâmica perversa. Nosso
posicionamento é de, até agora, não fazer repasses e
segurar nossas taxas. Se a gente acredita de fato em
ajudar, agora é hora de ficar ao lado dos
empreendedores. Conseguimos absorver esse custo
porque as margens que temos no Brasil são um pouco
maiores do que as da Europa e dos EUA. Sabemos
operar com margens menores.
A concorrência é maior aqui do que na Europa, mas as
taxas são maiores. Não deveria ser o contrário? São
características próprias de cada região. Uma das coisas