Banco Central do Brasil
Revista Veja/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas
infância partidária, com apenas seis anos de vida.
Chegou a governar ao mesmo tempo os três principais
colégios eleitorais do país (SP, MG e RJ), ganhou duas
eleições presidenciais em primeiro turno, disputou as
quatro seguintes no segundo turno, perdeu todas e
nunca mais se aprumou. Dos 34 e poucos milhões de
votos obtidos em 1994 e 35,9 milhões em 1998,
minguou para cerca de 5 milhões em 2018. Já teve 99
deputados federais e dezesseis senadores. Hoje são 21
na Câmara e seis no Senado.
O que houve? Não foi o único a desmilinguir. O DEM
(sucessor do PFL) também se desmanchou até virar um
anexo do PSL sob o nome de União Brasil. Mas o caso
do PSDB chama especial atenção por causa da
qualidade de seus pais-fundadores, da excelência da
equipe ministerial e pelo conjunto de realizações desde
o combate à inflação, a conceitos de ajustes
permanentes na condução da economia, até programas
transformadores nas áreas de saúde e educação. Sem
esquecer a rede de proteção social depois aperfeiçoada
pelo PT.
Um legado e tanto. Jogado no lixo por obra de
ciumeiras, traições, erros de cálculo, dispersão de
lideranças, mandonismos locais, ausência de
organicidade partidária e há até quem cite entre as
razões da falência a interdição ao surgimento de
lideranças novas e a repetição de candidaturas
presidenciais na base da imposição sem o suficiente
respaldo da base. Acrescente-se um quê de
ingenuidade de Fernando Henrique, que, ao não ver seu
governo defendido pelos pares na disputa capitaneada
por José Serra, se dedicou a promover uma “transição
civilizada” para Luiz Inácio da Silva. Levou uma
“herança maldita” pela testa no dia seguinte. A partir de
2002 as campanhas foram tão desastrosas em termos
de negação dos enormes ativos de que dispunha o
PSDB que só a ausência de outro contraponto ao PT
explica o partido ter disputado em condições
competitivas tantas eleições. A única em que se uniu, a
de Aécio Neves em 2014, quase ganhou.
E agora? Agora o que se vê é parte do tucanato com
Jair Bolsonaro, parte candidatando-se a virar um
puxadinho do PT, parte na aba do MDB, onde e como
tudo começou, e uma minoria advogando uma
candidatura própria como salvação. O ninho já esteve
em chamas. Hoje sobram as cinzas em cima das quais
a preocupação não é ganhar ou perder uma eleição,
mas como fazer para renascer.
Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas