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(Antfer) #1

OPINIÃO - Baixe o dedo, Gabriel


Banco Central do Brasil

Revista Exame/Nacional - Opinião
terça-feira, 24 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Felipe Miranda

Demorei a perceber que o abraço é mais efetivo do que
o dedo do meio. É um conselho que gostaria de dar a
meu terceiro filho, a caminho

Minha mulher está grávida de meu terceiro filho. Ele vai
se chamar Gabriel. Penso no que posso ensinar a ele.
Penso nos erros que cometi. Penso em uma história
que não me sai da cabeça. Lyndon Johnson era um
coitado — pelo menos sob uma determinada ótica. Vice-
presidente de John F. Kennedy no começo dos anos
1960, era desprezado por ele. Não era convidado para o
Salão Oval. Não entrava no Air Force One. Kennedy
negou um escritório e uma equipe para Johnson.

A entourage de Kennedy tratava Johnson como um
caipira. Kennedy era filho de um embaixador americano
em Londres e foi a Harvard, como a maioria de seus
assessores. Johnson era filho de fazendeiros do Texas.
Só havia sido escolhido para vice porque Kennedy
precisava ganhar no Sul e, especialmente, no Texas.
Após pouco tempo, não era segredo para ninguém que
Kennedy e Johnson se odiavam. Até que, em 22 de
novembro de 1963, em Dallas, Kennedy levou um tiro
na cabeça. Ao contrário de todas as expectativas,
Johnson abraçou aqueles que o desprezavam. Como
escreveu Bill Clinton: “É maravilhoso ver como a
confiança se espalhou entre os sobreviventes chocados
do time de Kennedy quando eles perceberam que
Johnson tinha mais capacidade de conquistar votos na
Câmara e no Senado do que qualquer outro presidente
da história”.

Qual era a mágica de Johnson? Ele desprezava a
violência verbal. Nunca passou pela sua cabeça deixar
a mágoa ou o sentimento de vingança tomar conta. Não
por superioridade moral. Por pragmatismo. Quando
Johnson disse que queria aprovar o que acabou sendo
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